O papa Francisco dedicou todo o Ângelus de hoje (2) a falar sobre a guerra da Ucrânia e fez um chamado ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, a “parar, também pelo amor do seu povo, esta espiral de violência e de morte”. Ele também pediu ao presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, que esteja "aberto a propostas sérias de paz".

Francisco pediu aos líderes da comunidade internacional que façam "tudo o que estiver ao seu alcance para pôr fim à guerra em curso, sem se deixar envolver em escaladas perigosas".

“Promover e apoiar iniciativas de diálogo. Por favor, deixemos as jovens gerações respirar o ar saudável da paz, não aquele poluído da guerra, que é uma loucura!”, disse ele.

“Me entristecem as milhares de vítimas”

Francisco falou de sua aflição pelos "rios de sangue e de lágrimas derramados nestes meses", bem como pelas " milhares de vítimas, particularmente entre crianças, e as muitas destruições, que deixaram muitas pessoas e famílias sem casa e ameaçam com o frio e a fome vastos territórios”.

“Certas ações jamais podem ser justificadas, jamais!”, disse.

O papa Francisco disse que “é angustiante que o mundo esteja aprendendo a geografia da Ucrânia através de nomes como Bucha, Irpin, Mariupol, Izium, Zaporizhzhia e outras localidades, que se tornaram lugares de sofrimento e medo indescritíveis. E o que dizer do fato de que a humanidade se encontra novamente diante da ameaça atômica? É um absurdo".

"O andamento da guerra na Ucrânia se tornou tão sério, devastador e ameaçador, a ponto de causar grande preocupação", disse o papa, perguntando "quanto sangue ainda deve correr para que possamos entender que a guerra nunca é uma solução, mas só destruição?”.

“Em nome de Deus e em nome do senso de humanidade que habita em cada coração, renovo o meu apelo para que se alcance um cessar-fogo imediato”, acrescentou.

O papa Francisco pediu que “se busquem as condições para iniciar negociações capazes de conduzir a soluções que não sejam impostas pela força, mas acordadas, justas e estáveis”.

Para isso, disse, essas soluções devem basear-se “no respeito do valor sacrossanto da vida humana, bem como da soberania e da integridade territorial de cada país, assim como dos direitos das minorias e das preocupações legítimas”.

O papa lamentou “a grave situação criada nos últimos dias, com novas ações contrárias aos princípios do direito internacional. Isso, de fato, aumenta o risco de uma escalada nuclear ao ponto de temer consequências incontroláveis e catastróficas em nível mundial”.

O papa expressou sua confiança "na misericórdia de Deus, que pode mudar os corações, e na intercessão materna da Rainha da Paz” para pôr fim à guerra na Ucrânia, que começou há mais de sete meses.

Na sexta-feira (30), Putin anunciou que as regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson – no leste e sul da Ucrânia – se tornaram parte da Rússia. Muitas dessas áreas são ocupadas pelo exército russo; no entanto, nos últimos dias, houve avanços das forças ucranianas.

Putin justificou a anexação em referendos realizados nestas regiões em que a maioria da população teria decidido fazer parte da Rússia.

No entanto, os líderes ocidentais disseram que estas consultas são uma "farsa" e o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse que qualquer anexação baseada no uso da força viola a Carta da ONU e o direito internacional.

Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson representam 15% do território ucraniano. Sua anexação se soma à da península da Crimeia, tomada pela Rússia em 2014.

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