Na sua primeira Audiência Geral de setembro, nesta quarta-feira, 2, Papa Francisco seguiu falando sobre a família, com destaque para o tema da evangelização. Aos fiéis presentes na Praça de São Pedro, o Santo Padre indicou uma importante missão das famílias hoje: elas são “capazes de vencer a desertificação das cidades”. 

Dando ênfase à responsabilidade das famílias de transmitir a fé, “seja ao interno dela ou ao externo”, Francisco explicou que, quando Jesus afirma o primado da fé em Deus, “não encontra uma comparação mais significativa” para expressar essa vivência “do que a afetividade em família”.

““Estes laços familiares, dentro da experiência de fé e do amor de Deus, são transformados, são preenchidos de um sentido maior e são capazes de ir além deles mesmos para criar uma paternidade e uma maternidade mais amplos, e para acolher como irmãos e irmãs também aqueles que estão à margem de qualquer vínculo”, refletiu.

O Pontífice recordou, então, o trecho do evangelho de Marcos no qual Jesus responde, indicando seus discípulos:  “Estes são minha mãe e meus irmãos! Porque o que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3, 34-35).

De acordo com Francisco, “a sabedoria dos afetos que não se compram e não se vendem é o dom principal da família”. Ele ressaltou que, “em família, aprendemos a crescer naquela atmosfera de sabedoria do carinho. A ‘gramática’ se aprende no seio da família, caso contrário é bem difícil aprendê-la. É justamente esta a linguagem por meio da qual Deus se faz compreender por todos”.

O Papa sublinhou que é uma bênção para os povos quando se difunde um estilo familiar nos relacionamentos humanos, pois traz esperança sobre a terra. “Quando os afetos familiares se deixam converter ao testemunho do Evangelho, se tornam capazes de coisas inimagináveis que nos fazem tocar com as nossas mãos as obras de Deus”, disse.

Salientou ainda que “o chamado a colocar os laços familiares no âmbito da obediência da fé e da aliança com o Senhor não os mortifica; ao contrário, os protege, os desvincula do egoísmo, os cuida do degrado, os coloca a salvo para a vida que não morre”.

Para demonstrar esta ação de Deus no mundo, Papa Bergoglio citou “um só sorriso milagrosamente saído do desespero de uma criança abandonada, que recomeça a viver”, gesto que, segundo ele, “nos explica o agir de Deus no mundo mais do que mil tratados teológicos”.  Outro exemplo dado foi o de “um só homem e uma só mulher, capazes de arriscar e de se sacrificar pelo filho do outro, e não somente pelo próprio”, o que “nos explicam coisas do amor que muitos cientistas não compreendem mais”.

Diante disso, Francisco incentivou as famílias a, a partir da Igreja, serem protagonistas, escutando a Palavra de Deus e colocando-a em prática. “Com efeito, a aliança da família com Deus é hoje chamada a combater a desertificação comunitária da cidade moderna”, expressou.

“As nossas cidades se tornaram desertificada por falta de amor, falta de sorriso”, constatou o Pontífice. Ao explicitar suas considerações sobre este assunto, o Santo Padre observou que “o amor está ausente” em cidades onde há “um monte de diversão, tantas coisas para perder tempo, para divertir, fazer rir”.

A solução para esses casos, conforme indicou, está justamente na família. Segundo ele, “nenhuma engenharia econômica, política, pode substituir esta contribuição das famílias”.

“Temos que sair das torres e das salas blinda das elites para frequentar novamente as casas e os espaços abertos das multidões, abertos ao amor da família”, exortou.