O papa Francisco elogiou o trabalho do cardeal Sean O'Malley, arcebispo de Boston, Estados Unidos, que alertou sobre o aumento de casos de abusos cometidos por membros da Igreja. Na entrevista concedida à rádio Cope, da conferência episcopal espanhola, Francisco disse que há anos, quando era simples padre e andava pelas ruas de Buenos Aires, uns pais gritaram a seu filho para que não se aproximasse dele porque estava vestido de sacerdote e poderia ser um pederasta.

Diante do esforço da Igreja Católica para erradicar o flagelo da pederastia e da pedofilia, o papa Francisco reconheceu o trabalho do cardeal Sean O'Malley, “que começou a falar disso com coragem, ainda que fosse uma pedra no sapato da organização, muito antes de que a organização assumisse esse problema”.

“Ele teve que resolver o assunto em Boston e não foi nada fácil. Foram dados passos muito claros sobre isso”, disse Francisco. E afirmou que “a Comissão de Defesa de Menores, que foi invenção do cardeal O'Malley, hoje está funcionando”.

Está previsto que, nos próximos meses, haja mudanças na comissão. O papa explicou que “a cada três anos a metade [da comissão] é renovada. São pessoas de primeira linha, de vários países diferentes, que sofrem esses problemas. E acho que se entrosam bem”.

O papa disse considerar o diabo como o incitador da pornografia infantil. “Abusar de uma criança para filmar um ato de pornografia infantil é demoníaco. Isso não se explica sem a presença do demônio”, afirmou ele.

Diante da luta para erradicar os abusos sexuais da Igreja, o papa disse que o remédio está sendo aplicado, “as coisas estão sendo feitas bem. Na verdade, houve progressos e cada vez mais progressos. Pois bem, trata-se um problema global e grave”.

Também questionou como “certos governos” permitem a produção de pornografia infantil. “Que não digam que não sabem. Hoje em dia, com os serviços de inteligência, sabem de tudo. Um governo sabe quem produz pornografia infantil no seu país. Para mim, essa é uma das coisas mais monstruosas que já vi”, afirmou.

Na entrevista, Francisco disse que teme “os demônios educados”. “Aqueles que tocam a campainha, pedem permissão, entram na sua casa, se fazem amigos”, afirmou. Ele recordou as palavras de Jesus, ao ensinar que, “quando o espírito imundo sai de um homem, quando alguém se converte ou muda de vida, vai e começa a dar voltas por aí, em lugares áridos, se aborrece... e depois de um tempo diz: ´vou voltar para ver como vai aquilo`. E vê a casa toda arrumada, toda mudada. Então procura sete piores que ele e entra com outra atitude”.

“Por isso, eu digo que são os demônios educados, aqueles que tocam a campainha. Pela ingenuidade da pessoa, ela permite que ele entre e o final desse homem é pior que o princípio, diz o Senhor. Tenho pavor dos demônios educados. São os piores e a gente se engana muito. Se engana muito”, afirmou.

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