O Papa Francisco visita a cidade de Turim, a localidade italiana em que se expõe o Santo Sudário, a mortalha que envolveu o corpo do Senhor após sua morte e foi encontrada na tumba vazia após a Ressurreição. Em seu primeiro discurso na cidade, dirigido a trabalhadores locais, o Papa animou a um “pacto social e geracional”, para que se recupere a confiança entre jovens e adultos.

O Santo Padre chegou à cidade italiana às 8:30 a.m. (hora local), em uma visita que se estenderá até a tarde da segunda-feira. Nestes dois dias, Francisco participará de diversos encontros, e venerará o Santo Sudário.

Depois da sua chegada, o Papa se dirigiu até a Piazzetta Reale, para encontrar-se com protagonistas do mundo do trabalho. Ali três deles lhe ofereceram seus testemunhos: uma operária, um agricultor e um empreendedor.

Logo depois de escutar estes testemunhos, o Papa afirmou que está perto daqueles que sofrem deivido à crise econômica e apesar das dificuldades marcham adiante.

“O trabalho não é necessário solo para a economia, mas para a pessoa humana, para sua dignidade, para sua cidadania e para a inclusão social”, sublinhou durante seu discurso.

Francisco pediu um “pacto social e geracional” para “pôr à disposição de todos informação e recursos na perspectiva de ‘fazer juntos’”. “É o momento de reativar uma solidariedade entre as gerações, de recuperar a confiança entre jovens e adultos”.

O Papa destacou a importância da família, os filhos e os avós. “Não esqueçam esta riqueza. Os filhos são a promessa, levam adiante este trabalho que receberam, assinalaram e os idosos são a riqueza da memória e uma crise não pode ser superada, não se pode sair dela, sem os jovens, as crianças, os filhos e os avós” que são “força para o futuro, mas também memória do passado que nos indica por onde se deve ir”.

Falando sobre a crise econômica e a baixa natalidade na cidade de Turim e em toda a Europa o Papa lamentou que se vive um ambiente onde “se exclui as crianças –há uma natalidade zero!–, exclui-se aos idosos, e agora se exclui os jovens –mais de 40 por cento estão desempregados”. “Aquilo que não produz se exclui a modo de ‘usar e jogar fora”.

Francisco reiterou o chamado a “revalidar o ‘não’ à idolatria do dinheiro, que empurra a todos a entrar a todo custo no número dos poucos que, apesar da crise, enriquecem-se, sem ocupar-se de tantos que se empobrecem, às vezes até a fome”.

Por isso, assinalou, “estamos chamados a dizer ‘não’ à corrupção, tão estendida que parece ser uma atitude, um comportamento normal”. Mas não só se deve dizer ‘não’ de palavra, mas também “com ações”. “Não às conjurações mafiosas, às fraudes, aos subornos e coisas pelo estilo”.

O Papa assegurou que, unindo forças, “podemos dizer ‘não’ à desigualdade que gera violência”.

Por outro lado, Francisco falou da importância de acautelar o conflito social, algo que “se faz com justiça”.

“O trabalho é fundamental” disse, e “é necessário que toda a sociedade, em todos seus componentes, colaborem para que seja para todos e seja um trabalho digno do homem e da mulher”. Entretanto, destacou, “isto requer de um modelo econômico que não esteja organizado em função do capital e da produção a não ser sobre tudo do bem comum”.

O Papa também pediu que os direitos das mulheres sejam tutelados já que “também levam o maior peso no cuidado da casa, dos filhos e dos idosos” e “som ainda discriminadas, também no trabalho”.

Em definitiva, Turim está chamada “a ser uma vez mais protagonista de uma nova estação de desenvolvimento econômico e social”. Isto se conseguirá também se se investir “com valentia na formação, procurando trocar a tendência que viu o declive nos últimos tempos  do nível meio de ensino, e muitas crianças abandonam a escola”.

Ao finalizar, o Santo Padre animou a todos a ser valentes e a não resignar-se ante o desemprego.