Em uma mensagem dirigida às Pontifícias Academias, cujos representantes se reuniram na quarta-feira, 4 de dezembro, no Palácio da Chancelaria em Roma, o Papa Francisco afirmou que, diante da angústia que o homem sofre atualmente, a Virgem Mari oferece uma visão serena e uma palavra tranquilizadora.

Assim indicou o Santo Padre em sua mensagem às pontifícias academias, cuja 24ª sessão pública foi organizada pela Pontifícia Academia Mariana Internacional, fundada pelo Papa Pio XII em 1959 e que este ano celebra seu 60º aniversário.

Após assinalar que “a Academia é um lugar onde o saber torna-se serviço, porque sem um saber que nasce da colaboração e conduz à cooperação não há desenvolvimento genuíno e integralmente humano”, o Santo Padre ressaltou o papel da Pontifícia Academia Mariana Internacional, que escolheu para a sessão pública das pontifícias academias o tema “Maria, caminho de paz entre as culturas”.

O Pontífice recordou que na exortação apostólica Marialis cultus, São Paulo VI ressalta que a “ligação com a Santa Virgem e o povo dos que creem ressoa alto, claro, consciente e apaixonado”.

No documento de 1974, São Paulo VI escreveu que “para o homem contemporâneo, não raro atormentado entre a angústia e a esperança, prostrado mesmo pela sensação das próprias limitações e assaltado por aspirações sem limites, perturbado na mente e dividido em seu coração, com o espírito suspenso perante o enigma da morte, oprimido pela solidão e, simultaneamente, a tender para a comunhão, presa da náusea e do tédio, a bem-aventurada Virgem Maria contemplada no enquadramento das vicissitudes evangélicas em que interveio e na realidade que já alcançou na Cidade de Deus, proporciona-lhe uma visão serenadora e uma palavra tranquilizante: a da vitória da esperança sobre a angústia, da comunhão sobre a solidão, da paz sobre a perturbação, da alegria e da beleza sobre o tédio e a náusea, das perspectivas eternas sobre as temporais e, enfim, da vida sobre a morte”.

Francisco também recordou que São João Paulo II “fez com que a Mãe do Redentor se tornasse motivo e inspiração para um renovado encontro e uma recuperada fraternidade que é o caminho para o acesso da Igreja e do mundo no novo milênio”.

“Por isso, insistiu para que a mariologia tivesse seu devido valor na formação teológica universitária e no diálogo entre os saberes. Desejou então que a mariologia entrasse nos assuntos cruciais de nosso tempo”, ressaltou o Papa.

A mariologia é a parte da teologia dedicada à Virgem Maria. Além do estudo de sua vida, faz interpretações dos dogmas marianos: sua natureza (Imaculada Conceição, Assunção da Virgem, Coroação da Virgem etc.), seu papel na salvação, suas devoções; e como se deve realizar sua veneração ou culto.

Em seguida, o Papa Francisco indicou que Bento XVI “exortou os estudiosos a aprofundar ainda mais a relação entre mariologia e teologia da Palavra” e, depois, citou uma passagem da exortação apostólica Verbum Domini, do Papa Emérito.

“Daí poderá vir grande benefício tanto para a vida espiritual como para os estudos teológicos e bíblicos. De fato, quando a inteligência da fé olha um tema à luz de Maria, coloca-se no centro mais íntimo da verdade cristã”, assinala o texto de Bento XVI.

Em seu discurso, Francisco destacou o acompanhamento que a Pontifícia Academia Mariana Internacional fez ao Magistério universal da Igreja “com a pesquisa e a coordenação dos estudos mariológicos: com os congressos mariológicos-marianos internacionais, como o número 25 de se celebrará no próximo ano, colaborando assim com diversas instituições acadêmicas”.

“Esses esforços são um claro testemunho de como a mariologia é uma presença necessária de diálogo entre as culturas, capaz de alimentar a fraternidade e a paz”, destacou o Papa.

Prêmios das Pontifícias Academias

Em nome do Santo Padre, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, foi o encarregado de entregar o Prêmio das Pontifícias Academias.

O Papa expressou sua alegria por poder premiar distintos estudiosos, “desejando, por isso, promover e incentivar a pesquisa teológica e particularmente a que está dirigida a aprofundar os temas mariológicos”.

O prêmio nesta ocasião foi entregue à doutora Carmen López Calderón, pela obra “Gravados de Augsburgo para um ciclo emblemático português: Os azulejos da igreja do convento de Jesus de Setúbal”; e ao doutor e reverendo Ionuț-Cătălin Blidar, pelo estudo “A humanidade imaculada de Maria, ícone do logos Deus, cumprimento da estirpe eleita e fruto da árvore da Cruz. Uma abordagem ecumênica à mariologia imaculatista greco-latina (séc. II-XIV)”.

O Papa também decidiu entregar a Medalha do Pontificado ao Instituto Mariológico Croata.

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