A viagem do Papa Francisco ao Iraque será uma demonstração da “grande sensibilidade” do Santo Padre por este povo que passa “por duras provas”, de modo especial os cristãos; foi o que considerou o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer.

Em uma entrevista a Vatican News, o Cardeal afirmou que “a visita do Papa Francisco ao Iraque é sem dúvida um grande sinal”. De acordo com o Arcebispo, “mostra a grande sensibilidade que o Papa tem em relação ao povo do Iraque que tem passado por duras provas durante esses últimos tempos e, de modo muito especial, pelos cristãos e pelos católicos que vivem no Iraque e que, durante esse tempo todo de conflitos e guerras, acabaram sendo duramente atingidos e provados, e diminuíram também a sua presença: muitos deles tiveram que emigrar para escaparem aos riscos”.

O próprio Papa Francisco tem expressado sua proximidade aos cristãos iraquianos, os quais costuma chamar de “Igreja mártir”.

Em recente videomensagem enviada ao povo do Iraque às vésperas de sua visita ao país, o Santo Padre se dirigiu a estes dizendo: “Queridos irmãos e irmãs cristãos, que testemunharam a fé em Jesus no meio de provas muito duras, espero vê-los. Estou honrado em conhecer uma Igreja mártir: obrigado por seu testemunho!”.

“Eu gostaria de trazer a vocês a carícia afetuosa de toda a Igreja, que está perto de vocês e do Martirizado Oriente Médio e os encoraja a seguir em frente”, disse o Pontífice.

A presença do Cristianismo no Iraque é milenar e remonta às origens da Igreja. O Evangelho chegou às margens do Eufrates e do Tigre já no século I, graças à pregação do Apóstolo Santo Tomé.

No entanto, as comunidades cristãs iraquianas estão marcadas pelas perseguições, discriminação e martírio, o que forçou muitas famílias à emigração e exílio, um fenômeno que se intensificou após a queda de Saddam Hussein, em 2003, e após a ofensiva do Estado Islâmico (ISIS), em 2014.

Este grupo terrorista assumiu o controle da Planície de Nínive, no norte do país, e outras áreas, e proclamou um califado islâmico nos territórios que controlava no Iraque e na Síria. Nas áreas sob seu controle, o ISIS impôs a lei islâmica, expulsou e assassinou opositores não muçulmanos e aqueles que considerava infiéis, sujeitou inúmeras pessoas à escravidão e obrigou os não muçulmanos que não conseguiram escapar a se converter.

Depois de uma longa guerra na qual participaram diversos atores nacionais e internacionais, o governo de Bagdá conseguiu retomar o controle do país em dezembro de 2017.

Atualmente, os cristãos no Iraque representam apenas 1,5% de uma população de 38 milhões de 836 mil habitantes. Os católicos são 590 mil fiéis, segundo dados do Escritório Central de Estatística da Igreja.

Na sua visita ao Iraque, o Papa Francisco dedicará o domingo, 7, ao norte do Iraque, nas planícies do norte de Nínive, onde o Estado Islâmico realizou a campanha genocida contra cristãos, yazidis e outros grupos minoritários depois de tomar Mosul em junho de 2014.

O Santo Padre irá pela manhã a Erbil, onde se encontrará no aeroporto com autoridades religiosas e civis da Região Autônoma do Curdistão Iraquiano. Logo após, seguirá para Mosul, onde rezará pelas vítimas da guerra na praça Hosh al-Bieaa.

Em seguida, viajará para visitar a comunidade cristã local em Bakhdida, também conhecida como Qaraqosh, na Catedral Católica Siríaca da Imaculada Conceição, onde rezará o Angelus.

A catedral, também conhecida como Catedral de Al-Tahira, foi profanada e seu interior carbonizado depois que o Estado Islâmico assumiu o controle da cidade em 2014. O templo foi restaurado recentemente e uma nova estátua mariana esculpida por um artista cristão local foi colocada no topo da torre do sino em janeiro.

De volta a Erbil, o Papa Francisco presidirá uma Missa no Estádio Internacional Franso Hariri, e a expectativa é que seja o maior encontro de católicos iraquianos com o Pontífice durante sua viagem.

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