O Papa Francisco recebeu em audiência membros da Organização Ítalo-Latino-Americana por ocasião do 50º aniversário da fundação e mencionou sobre os principais problemas que a América Latina deve enfrentar e algumas soluções possíveis.

Este é um organismo internacional criado em Roma em 1966, cujos países membros são: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Itália, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

Entre seus objetivos está promover o desenvolvimento e a coordenação, assim como identificar as potencialidades de assistência mútua e de ação comum nos países membros.

Em seu discurso, o Pontífice se referiu a 3 pontos importantes: identificar, coordenar e promover.

Identificar

“Os países da América Latina são ricos de história, cultura e recursos naturais; além disso, têm um povo ‘bom’ e solidário com os outros povos”, o que foi “comprovado por ocasião das recentes calamidades naturais, como se ajudaram reciprocamente, dando exemplo a toda a comunidade internacional”, disse Francisco.

Mas o Papa reconheceu que “a atual crise econômica e social atingiu a população e produziu o aumento da pobreza, do desemprego, da desigualdade social, bem como a exploração e o abuso da nossa casa comum”. “Diante dessa situação é preciso uma análise que leve em consideração a realidade das pessoas concretas, a realidade do nosso povo”.

Coordenar

O Santo Padre destacou a importância de unir esforços. “Coordenar não significa deixar que os outros façam e no final aprovar, ao invés, comporta muito tempo e muito esforço; é um trabalho que não aparece e é pouco apreciado, mas necessário”.

Em sua opinião, a América Latina deve enfrentar o “fenômeno da migração”, que “nos últimos anos teve um incremento jamais visto antes”.

“Nosso povo, impelido pela necessidade, vai em busca de ‘novos oásis’, onde possa encontrar maiores estabilidades e um trabalho que assegure maior dignidade à vida”.

“Mas nessa busca, muitas pessoas sofrem a violação de seus direitos”; muitas crianças e jovens são vítimas do tráfico de seres humanos e são exploradas, “ou caem nas redes da criminalidade e da violência organizada”, manifestou.

Além disso, “a emigração é um drama de divisão: dividem-se as famílias, os filhos se separam dos pais, distanciam-se da terra de origem, e os próprios governos e os países se dividem diante dessa realidade”.

O Papa pediu, em relação a isso, “uma política conjunta de cooperação para enfrentar esse fenômeno. Não se trata de buscar culpados e de esquivar-se de responsabilidades, mas todos somos chamados a trabalhar de maneira coordenada e conjunta”.

Promover

A “cultura do diálogo” é necessária, pois “alguns países estão passando por momentos difíceis a nível político, social e econômico”. “Os cidadãos que dispõem de menos recursos – disse Francisco – são os primeiros a perceber a corrupção que existe nos vários estratos sociais e a má distribuição das riquezas”.

Neste sentido, “a promoção do diálogo político é essencial, tanto entre os vários membros desta Associação, quanto com os países de outros continentes, de modo especial com os da Europa, por laços que os unem”. E “nesta colaboração e diálogo está a diplomacia como instrumento fundamental e de solidariedade para alcançar a paz”, afirmou.

Porém, não um “diálogo entre surdos”, mas o que requer uma atitude “receptiva que acolha sugestões e partilhe aspirações”. “É uma troca de confiança, que sabe que do outro lado está um irmão com a mão estendida para ajudar, que deseja o bem das partes e fortalecer os laços de fraternidade e amizade para avançar pelos caminhos da justiça e da paz”, indicou.

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