O padre George Ponnaiah, da diocese de Kuzhithurai, no sul da Índia, será julgado após ser denunciado por suposto discurso de ódio durante uma reunião inter-religiosa no ano passado.

As acusações contra ele se originaram em 18 de julho de 2021 em Arumani, no distrito de Kanyakumari, durante uma reunião com a presença de líderes cristãos e muçulmanos e representantes de várias organizações.

O motivo da reunião foi homenagear o jesuíta e ativista de direitos humanos padre Stanislaus Lourduswamy, popularmente conhecido como padre Stan Swami, que passou os últimos oito meses de sua vida preso sob acusações de terrorismo devido ao seu ativismo em favor da castas mais baixas da sociedade indiana e morreu em julho de 2021.

Durante sua apresentação em 18 de julho, padre Ponnaiah condenou o fechamento de igrejas, a negação de licenças para construir templos e a proibição de realizar reuniões de oração em meio ao confinamento pelo coronavírus.

No entanto, ele foi acusado de supostamente fazer comentários contra o governo local e os líderes do Partido Popular Indiano, partido do atual governo. Foi preso vários dias depois e posto em liberdade sob fiança.

O padre George negou as acusações desde o início e, em julho do ano passado, disse que os vídeos criticando seus comentários foram editados de forma enganosa. Ele também se desculpou por qualquer dano que possa ter causado.

“Meu discurso foi editado e divulgado nas redes sociais para mostrar que feri os sentimentos dos irmãos e irmãs hindus. Nenhum de nós disse nada que ferisse os sentimentos religiosos. Se meu discurso feriu alguém, peço sinceras desculpas”, disse Ponnaiah, segundo o UCA News.

No entanto, o Supremo Tribunal de Madras decidiu na sexta-feira, 7 de janeiro, que o padre Ponnaiah deve ir a julgamento por seus comentários, considerando-os ofensivos contra os hindus.

A perseguição contra os cristãos na Índia continua aumentando. Em 23 de dezembro, a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) divulgou os resultados de um novo relatório elaborado por três organizações de direitos civis na Índia, que denunciava o aumento dos ataques contra cristãos no país.

Segundo a investigação, os cristãos estão sofrendo perseguição devido à sua fé "em 21 dos 28 estados" da Índia. Foram reportados “305 incidentes de violência apenas nos primeiros nove meses de 2021”, muitos deles perpetrados por turbas.

Desde 2020, a instituição de caridade contra a perseguição Open Doors classificou a Índia como o 10º pior perseguidor de cristãos no mundo. Disse que a perseguição a minorias religiosas aumentou desde que o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata chegou ao poder em 2014, com milhares de incidentes desse tipo a cada ano. Acusaram o partido de permitir que grupos extremistas hindus ataquem os cristãos com impunidade.

Os crimes de ódio contra cristãos na Índia aumentaram 40% no primeiro semestre de 2020, apesar de um bloqueio nacional de três meses, de acordo com um relatório do grupo ecumênico Persecution Relief. Esse relatório classificou Tamil Nadu como o segundo pior estado da Índia para esses crimes, sendo que o pior é o estado de Uttar Pradesh.

Além disso, a Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF, na sigla em inglês) listou a Índia como um "país de particular preocupação" para a liberdade religiosa em 2020 pela primeira vez em mais de uma década.

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