O padre George Mangalapilly, acusado de forçar conversões porque cantava canções de Natal nas ruas foi declarado inocente pelo Tribunal Superior de Madhya Pradesh, na Índia.

O padre foi absolvido por inconsistência de provas no processo movido contra ele por um movimento hindu local, informou Asia News, agência católica de notícias da Ásia.

Em 14 de dezembro de 2017, membros do Bajrang Dal, organização nacionalista hindu, atacaram um grupo de 32 seminaristas e estudantes da faculdade de teologia São Efrém, de Satna, em Madhya Pradesh, que estava em um veículo com nove religiosos e o motorista.

O grupo radical hindu incendiou o veículo que os 42 católicos usavam para ir à cidade e alegaram que eles tentavam converter as pessoas à força cantando canções de Natal nas ruas da aldeia de Jawahar Nagar Bhumkahar. Depois que os católicos foram levados à delegacia local, os agressores atacaram o edifício da polícia.

Depois do ataque, o grupo radical hindu fez uma denúncia penal, alegando que os católicos utilizaram a “artimanha de cantar canções de Natal” para cometer o delito de “conversão religiosa forçada”. Um dos denunciantes, Raghunath Dohar, acusou-os de terem oferecido 5 mil rúpias (cerca de R$ 350) e um terço à comunidade em troca da conversão.

O padre George Mangalapilly, disse à Ásia News que, que fez um pedido de anulação da denúncia no Tribunal Superior em 2020, mas o pedido foi rejeitado.

Mangalapilly se disse aliviado por ouvir a sentença do Tribunal Superior. “Embora eu nunca tenha estado preso por mais de 24 horas e tivesse certeza da minha inocência, foram quatro anos exasperantes”, disse ele. O padre George também anunciou com alegria que 31 dos seminaristas que estiveram envolvidos no caso já são sacerdotes.

Por sua vez, o responsável de relações públicas da diocese de Madhya Pradesh, padre Maria Stephen, disse que estão “muito contentes pelo arquivamento do caso”, pois “este assunto nos atormentava há vários anos, embora não duvidássemos de que as acusações eram infundadas”.

Segundo a Asia News, o crime das conversões religiosas forçadas é um assunto delicado em muitas partes da Índia, especialmente em Madhya Pradesh. Recentemente, os fundamentalistas hindus que governam o estado aumentaram as penas para quem cometa esse crime.

A tipificação do crime é usada muitas vezes para intimidar a pequena comunidade cristã local, especialmente os sacerdotes e missionários, que são frequentemente acusados por grupos hindus radicais de seduzir e corromper as pessoas para que abandonem o hinduísmo e se convertam ao cristianismo.

A organização cristã Open Doors disse que a perseguição às minorias religiosas na Índia aumentou. Milhares de incidentes ocorrem todos os anos desde que o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata assumiu o poder em 2014. Open Doors também acusou o partido nacionalista de permitir que grupos extremistas ataquem os cristãos impunemente.

Em 20 de abril, a Pontifícia Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) apresentou seu relatório anual sobre liberdade religiosa, revelando que a perseguição religiosa por parte de governos autoritários se intensificou, devido à apologia a favor de uma supremacia étnica e religiosa.

Essa prática é frequente em países asiáticos de maioria hinduísta e budista que exercem pressão sobre as minorias e reduzem os seus membros a cidadãos de segunda classe. O caso mais claro é o da Índia, mas políticas semelhantes também são aplicadas no Nepal, Sri Lanka e Myanmar.

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