O papa Francisco aprovou o decreto que reconhece as virtudes heroicas do padre Diego Hernández González, um padre espanhol que, quando seminarista, resgatou o Santíssimo Sacramento de um incêndio durante a Guerra Civi Espanhola (1936-1939), o que o levou a ser preso e condenado a anos de trabalhos forçados.

A aprovação das virtudes heroicas reconhece que o candidato à beatificação viveu as virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade, e as cardeais da fortaleza, temperança, justiça e prudência, em um grau acima do que se exige de todos os católicos.

O que se segue no processo de beatificação é que se verifica um milagre realizado por intercessão do Servo de Deus, que o deixaria à beira da beatificação.

Diego Hernández González nasceu no Natal de 1914, na cidade de Javalí Nuevo, em Murcia, Espanha.

Aos 10 anos ingressou no seminário diocesano San Fulgencio de Murcia. Assim que a Guerra Civil Espanhola começou, heroicamente salvou o Santíssimo Sacramento de um incêndio que foi ateado pelos republicanos na igreja de sua cidade.

O site oficial da causa da canonização apresenta o testemunho de Loreto, irmã do padre, sobre o que aconteceu em 18 de abril de 1936 quando um pedreiro “abriu um buraco na igreja paroquial retirando o Sagrado Coração. Outros homens entraram e depois de jogar gasolina na Igreja, atearam fogo".

“Diego entrou apressado pelo mesmo buraco aberto e se queimando tirou o Santíssimo Sacramento do sacrário. Ele o deixou na casa do pároco”. O padre se escondeu na casa de um familiar, mas, mesmo assim, foi preso.

“Depois da guerra, a pessoa que jogou gasolina na igreja, quando estava prestes a morrer, se confessou com ele”, contou a irmã.

Nos dias em que esteve escondido, o ainda seminarista pintou um quadro do Sagrado Coração de Jesus e cresceu nele esta devoção. Ele costumava dizer: “Vamos doar-nos ao Coração de Jesus. Olhando aquela imagem: com a mão apontando para o seu Coração, sacrário onde deveríamos passar o dia”.

Ele também dizia que “Cristo na Eucaristia é um fogo que consome e unifica. É o amor de Deus em ato”. Ele incentivava a rezar em frente ao sacrário e lamentava o quão esquecida estava “a casa do Senhor em todos os lugares”, onde “Jesus nos espera para responder as nossas dúvidas, incentivar-nos, curar-nos, fortalecer-nos e consolar-nos”.

Em 30 de novembro de 1936, ainda seminarista, Hernández foi enviado à prisão provincial de Múrcia. Em 29 de janeiro de 1937, foi julgado por um tribunal popular que o condenou a três anos de trabalho obrigatório no seminário diocesano de Orihuela, Alicante, que tinha sido convertido em prisão. Na época, ele foi enviado a Granada para construir estradas.

Depois da guerra civil, ele retomou sua formação sacerdotal e foi ordenado sacerdote em Barcelona em 9 de junho de 1940, aos 25 anos.

O padre Hernández iniciou seu ministério sacerdotal em Murcia e mais tarde em Villena, Alicante. O padre dizia que gostaria “de ter um bilhão de línguas para anunciar em todos os lugares quem é Jesus Cristo”.

Em 1954, Hernández foi nomeado diretor espiritual do seminário diocesano de Orihuela em que estivera preso. “Tenho a esperança de que, se for o que devo ser, meu grãozinho se converterá em uma espiga de santos sacerdotes, que estão fazendo tanta falta em todos os povos”, dizia.

Procurou formar as almas entregues a Jesus e ao apostolado, promovendo a santidade nos padres, seminaristas, consagrados e leigos. Seu zelo apostólico brotava de seus longos momentos de oração e estudo. “Quero viver Maria como o esplendor de Jesus”, afirmou.

O padre Hernández vivia muito pobre e o que tinha, usava para a caridade. Ele acordava às 5h15, rezava por um longo período diante do Santíssimo Sacramento e quando a comunidade dos seminaristas chegava, já estava no confessionário. Ele conduzia a meditação três vezes por semana e durante o dia estava sempre pronto para ouvir os seminaristas.

Suas aulas de teologia estão em um compêndio de três volumes chamado “Anotações. Vida cristã e religiosa”. Morreu em 26 de janeiro de 1976, aos 61 anos, com fama de santidade.

“Peço a Jesus que eu tenha apenas uma mania e é desejar que lhe amem de verdade. E isso é o que tenho para lhes dizer: Que não tenham mais que um amor, o de Jesus”.

Sua causa de beatificação e canonização foi aberta em 25 de janeiro de 2002.

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