O comitê organizador do Encontro sobre a Proteção de Menores na Igreja se reuniu na quarta-feira, 20 de fevereiro, em Roma, com um grupo de representantes de vítimas de abusos cometidos por membros do clero.

O diretor interino da Sala de Imprensa do Vaticano, Alessandro Gisotti, informou que “12 pessoas, homens e mulheres, de diferentes áreas do mundo e pertencentes a diversas organizações”, conversaram, em representação dos sobreviventes de abusos, durante pouco mais de duas horas com os organizadores do encontro que começou na manhã desta quinta-feira, 21 de fevereiro, e que será concluído no domingo, 24.

Gisotti disse que “os membros da Comissão são muito gratos às vítimas que participaram do colóquio pela sinceridade, profundidade e força de seus testemunhos, que certamente os ajudará a entender sempre melhor a gravidade e a urgência dos problemas que serão enfrentados durante o Encontro".

Participaram deste encontro o Secretário Adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Charles Scicluna o presidente do Centro pela Proteção da Infância da Pontifícia Universidade Gregoriana, Pe. Hans Zollner; o Arcebispo de Chicago, Cardeal Blase Cupich; o Arcebispo de Bombaim, Oswald Gracias; e o moderador do encontro, Pe. Federico Lombardi.

Fala das vítimas

Após o encontro, algumas vítimas de abusos deram uma declaração à imprensa.

Juan Bayas, vítima e representante das vítimas do Equador, pediu ao Papa que a tolerância zero seja também contra os bispos que encobrem estes delitos, pois, quando há uma denúncia, esses prelados “falam com as vítimas e lhes pedem que, por favor, rezem a Deus e que não acontecerá nada mais”. “Também eles são culpados de que essas coisas continuem acontecendo”, assegurou.

Disse que em seu caso, a promotoria equatoriana não continuou com a denúncia “por falta de provas”. Assegurou que foi vítima de um presbítero junto com outras pessoas e, por isso, pediu ao Vaticano “que, por favor, me dê a informação, porque expulsaram este sacerdote do sacerdócio, mas lamentavelmente a justiça diz que não há informação”.

Por sua parte, Evelyn, do Canadá, reconheceu “estar feliz porque suas vozes foram ouvidas”, pois durante as conversas todos concordaram que “esta é uma crise internacional”.

“A Igreja conhece a história, não precisam de nossa história, precisam atuar e devem atuar agora”, ressaltou Evelyn, a qual assegurou que querem “uma ação decisiva... uma estrutura credível”. Disse que muitas das vítimas “trabalharam nisso durante anos”.

“Por sua parte, Phil Saviano, da associação Bishop Accountability, pediu que se eduque os bispos “em partes do mundo onde não acreditem que têm um problema. Não é que não tenham este problema, mas que não sabem”.

“Acredito que há progresso. Acredito que é um marco e espero não estar muito decepcionado daqui a seis meses”, expressou.

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