Um total de 68 grupos e especialistas de todo o mundo assinaram uma carta enviada a Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, pedindo que a Nigéria seja considerada como um país de particular preocupação (CPC, na sigla em inglês) como nação que viola a liberdade religiosa de forma flagrante, sistemática e contínua.

"Pedimos que designe a Nigéria como país de particular preocupação (CPC) e nomeie um enviado especial para investigar a situação e fazer recomendações, em consulta com os representantes locais", diz a carta que tem entre os signatários a organização de defesa legal cristã ADF Internacional.

A Nigéria estave na lista de países que violam a liberdade religiosa do departamento de Estado dos EUA até 2020. O atual presidente os EUA, o democrata Joe Biden, tiro a Nigéria da lista sem explicação.

Na época, a comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) disse que a remoção da Nigéria da lista era “espantosa”.

A carta divulgada na segunda-feira (19) diz que "após a eliminação" da Nigéria, "aumentaram o nível geral de violência e o ataque específico aos cristãos".

A ONG Portas Abertas disse que os 4.650 cristãos mortos na Nigéria em 2021 são mais do que em todos os outros países do mundo juntos.

A International Society for Civil Liberties & the Rule of Law, por sua vez, vê a tendência para 2022 no caminho de superar esse número, com nada menos que 2.543 cristãos mortos em violência relacionada ao jihadismo no primeiro semestre de 2022.

"É inegável que graves violações da liberdade religiosa são cometidas quase diariamente na Nigéria, e as coisas só estão piorando... O secretário Blinken deveria aproveitar esta oportunidade agora para corrigir este erro", disse Sean Nelson, consultor jurídico para a Liberdade Religiosa Global da ADF Internacional.

“Muitas pessoas estão morrendo, muitos padres estão sendo sequestrados e a comunidade internacional deve falar a uma só voz sobre essas violações da liberdade religiosa com seriedade. Temos que falar em voz alta por todas as vítimas na Nigéria".

A carta também levanta preocupações sobre o aumento da violência contra "cristãos e muçulmanos que rejeitam o extremismo" por grupos terroristas como o Boko Haram e o Estado Islâmico - Província da África Ocidental (ISWAP), bem como outros grupos de milícias.

O Observatório para a Liberdade Religiosa na África (ORFA) informou que de 1º de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021, 4.303 cristãos e 2.235 muçulmanos foram mortos em contextos relacionados ao jihadismo.

A carta também discute várias violações graves da liberdade religiosa, como o massacre do Domingo de Pentecostes de 2022, no qual mais de 40 católicos foram mortos na igreja católica são Francisco Xavier em Owo, estado de Ondo.

Também levanta preocupações sobre ataques a jornalistas na Nigéria, como Luka Binniyat, que relatou ataques a cristãos por milícias.

No final da carta, reitera-se a importância de reintegrar a Nigéria na lista de países de particular preocupação.

“A nomeação do CPC e do enviado especial são vitais para reconhecer a gravidade das violações da liberdade religiosa que ocorrem no país e a falta de vontade do governo em controlar os problemas, bem como a sua contribuição para os problemas”, conclui.

Para ler a carta completa, acesse AQUI.

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