Deus está sempre do lado das vítimas das agressões injustas, disse o arcebispo Sviatoslav Shevchuk, líder da Igreja greco-católica ucraniana, horas depois que as forças militares russas invadiram a Ucrânia.

Shevchuk apoiou o direito da Ucrânia de defender sua independência, depois que a Rússia atacou alvos militares na manhã desta quinta-feira, 24 de fevereiro.

“É nosso direito natural e nosso dever sagrado defender nossa terra e nosso povo, nosso estado e tudo o que nos é mais caro: a família, o idioma e a cultura, a história e o mundo espiritual”, disse ele.

O arcebispo ucraniano também destacou a proximidade de Deus com aqueles que sofrem injustiça: “Acreditamos que neste momento histórico o Senhor está conosco”, disse.

"Ele, que tem em suas mãos o destino do mundo inteiro e de cada pessoa em particular, está sempre com as vítimas de agressões injustas, aqueles que sofrem e aqueles que são escravizados".

“É Ele quem proclama Seu Santo Nome na história de cada nação, captura e derrota os poderosos deste mundo com seu orgulho, os conquistadores com a ilusão de sua onipotência, os soberbos e insolentes com sua confiança em si mesmos”, disse.

“É Ele quem concede a vitória sobre o mal e a morte. A vitória da Ucrânia será a vitória do poder de Deus sobre a mesquinhez e arrogância do homem! Assim foi, é e será”, disse Shevchuk.

Na manhã de hoje, o presidente russo, Vladimir Putin, disse em pronunciamento pela TV que a Rússia não tinha intenção de ocupar a Ucrânia e exigiu que o exército ucraniano deponha as armas.

Logo depois, as tropas russas cruzaram as fronteiras norte, sul e leste da Ucrânia a partir de vários pontos. Autoridades ucranianas relataram bombardeios e ataques com mísseis em todo o país, inclusive em aeródromos e quartéis-generais militares perto da capital Kiev.

Mais de 40 soldados e uma dúzia de civis ucranianos já morreram.

Dom Shevchuk disse que a Ucrânia "está em perigo novamente" e que "o inimigo traiçoeiro" violou as normas básicas do direito internacional, "pisando em solo ucraniano, trazendo consigo morte e destruição".

“Neste momento histórico, a voz da nossa consciência nos chama todos a defender o estado ucraniano livre, unido e independente”, continuou o bispo greco-católico.

"A história do século passado nos ensina que todos aqueles que começaram as guerras mundiais as perderam, e que os idólatras da guerra só trouxeram destruição e decadência para seus próprios estados e povos."

A Ucrânia tem 44 milhões de habitantes e faz fronteira com Bielorrússia, Rússia, Moldávia, Romênia, Hungria, Eslováquia e Polônia.

Segundo a BBC News, hoje o exército russo invadiu a Ucrânia por terra em pontos da fronteira russa, mas também da Bielorrússia, aliada à Rússia.

Dom Shevchuk dirige a Igreja greco-católica ucraniana, a maior das 23 Igrejas Católicas Orientais, que estão em plena comunhão com Roma.

“Esta Igreja, que já sobreviveu à morte e à ressurreição, como Corpo de Cristo Ressuscitado, sobre o qual a morte não tem poder, o Senhor a deu ao seu povo nas águas batismais do rio Dnipro”, disse o arcebispo.

“Desde então, a história de nosso povo e de sua Igreja, a história de suas lutas de libertação, a história da encarnação do Verbo de Deus e a manifestação de seu Espírito de verdade em nossa cultura se entrelaçaram para sempre”, continuou ele.

“E neste momento dramático, nossa Igreja, como mãe e mestre, estará com seus filhos, os protegerá e os servirá em nome de Deus! Em Deus está a nossa esperança e dele virá a nossa vitória!”

“Hoje proclamamos solenemente: 'Oferecemos nossa alma e corpo por nossa liberdade!' Com um só coração rezamos: 'Senhor, Grande e Todo-Poderoso, proteja nossa amada Ucrânia!'”

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Segundo uma nota da secretaria do arcebispo, dom Shevchuk está em um abrigo antiaéreo sob a catedral da Ressurreição em Kiev, junto com outras pessoas, informa o site italiano de notícias Il Sismografo.

Schevchuk cancelou sua participação numa conferência que reúne bispos e políticos da região do Mediterrâneo que se realiza em Florença, Itália. No domingo 27 de fevereiro, último dia da conferência, o papa Francisco deve estar presente.

“A cidade de Kiev neste momento está sendo bombardeada pelo exército russo. Como se pode entender, Sua Beatitude não está disponível no momento e não pode fazer nenhuma declaração. Junto com seu povo, sua Beatitude pede que se una a ele e ao seu povo em oração para que a Ucrânia possa ser preservada de agressões injustas”, diz a nota.

“A prioridade, para a Igreja greco-católica ucraniana é e sempre será a proximidade com a população ferida. Rezemos pela Ucrânia”, conclui o texto.

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