O Arcebispo de Los Angeles, nos Estados Unidos, Dom José Gómez, fez uma interessante reflexão na qual propõe que, quando uma pessoa se sente “sobrecarregada” pela vida, é necessário voltar sempre ao essencial para poder colocar as coisas em perspectiva.

Em sua recente coluna intitulada “Voltando à Quaresma”, Dom Gómez assinalou que este tempo de oração e preparação para a Páscoa é a lembrança anual de que “devemos manter as ‘coisas’ em sua perspectiva adequada”, de “estabelecer as prioridades corretas” e colocar “as coisas mais importantes em primeiro lugar”.

Recordou o convite que São Paulo faz nas suas cartas: “Buscai as coisas do alto, onde Cristo está... Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra”.

“Deus – e fazer a Sua vontade dele – deve ser sempre o ‘mais importante’ na nossa vida. O resto brota de nossa relação com Ele. Santo Agostinho disse esta grande frase: ‘Ama a Deus e faz o que quiseres’”, expressou o Arcebispo de Los Angeles.

Entretanto, prosseguiu, às vezes “as coisas deste mundo podem chegar a ‘nos sobrepassar’. Podem encher e ‘transbordar’ no lugar que Deus deveria ocupar em nossas vidas”.

Ante essa realidade, o Prelado propõe o que os santos chamam de “espírito de desapego”, que não se refere a rejeitar as pessoas ou as coisas boas que Deus oferece através da criação, mas se refere a renunciar os “nossos próprios ‘desejos’, as coisas que despertam uma ‘fome’ em nós”, e que tendem a dominar a vida causando preocupações.

O Prelado explicou que uma forma de identificá-los é perguntando: “Há coisas das quais dependem demais, coisas que vocês precisam ‘demais’? Há atividades que requerem muito tempo, que desempenham um papel muito importante na sua vida?”.

Em seguida, Dom Gomez afirmou que “quando começamos a deixar as coisas irem, quando começamos a renunciar a certos hábitos ou ‘desejos’ nas nossas vidas, sentimos um novo espírito de liberdade”.

“É realmente uma espécie de libertação, porque o que acontece é que estamos libertando nossos corações para amar, para querer o que Deus quer, para desejar o que Deus deseja para nossas vidas”, manifestou.

O Arcebispo de Los Angeles afirmou que embora a pessoa queira “fazer um progresso na vida espiritual” ou “viver corretamente” a Quaresma, podem se impor coisas ou perder o foco. É aí que começam os sentimentos de culpa ou de autocrítica.

Entretanto, o Prelado considera que, mesmo que a pessoa não tenha cumprido os seus propósitos quaresmais, simplesmente “deve voltar ao caminho” e não ficar negativa ou acreditar que já não há remédio.

“Afinal de contas, a Quaresma se trata de conversão, de novos começos. Jesus sempre está lá para nos oferecer a sua mão, para que possamos voltar a Deus”, ressaltou.

O Arcebispo concluiu recordando que no Evangelho Jesus convida aqueles que desejam segui-lo a deixar tudo: “Às vezes, devemos renunciar as coisas boas para nos abrir a receber coisas melhores que Deus quer nos dar”.

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