Durante o domingo, 10 de janeiro, Solenidade do Batismo do Senhor, várias mensagens circularam em diferentes redes sociais e em blogs alertando sobre um apagão “histórico” no Vaticano e a prisão do Papa Francisco. Porém, todas essas informações são falsas: não houve apagão no Vaticano e o Pontífice não foi preso.

Embora as teorias que se pode ler sobre esses supostos acontecimentos sejam numerosas, a mais difundida é a de que o Papa teria sido preso pela polícia italiana por, entre outros supostos crimes, ter conspirado nas eleições norte-americanas. O apagão teria sido provocado para ocultar a operação policial.

A origem de toda esta cascata de notícias falsas se encontra no blog "Conservative Beaver", um meio que costuma publicar todo o tipo de teorias da conspiração e que começou a divulgar a notícia de que "militares e policiais italianos, e suas unidades de crimes sexuais, foram à residência do Papa no Vaticano e o prenderam e também a outros altos funcionários”.

De acordo com esta notícia falsa, o Papa estaria na prisão aguardando interrogatório por agentes federais dos EUA em colaboração com a polícia italiana e a Interpol.

Um dos principais argumentos para apoiar essa teoria é a ausência do Papa Francisco na tradicional Missa de Solenidade do Batismo do Senhor celebrada na Capela Sistina do Vaticano.

Este argumento é facilmente desmontável. Em primeiro lugar, como foi anunciado pela Sala de Imprensa do Vaticano em 5 de janeiro, a Missa de Solenidade do Batismo do Senhor, na qual o Papa costuma batizar algumas crianças, foi cancelada como medida evitar contágios por coronavírus.

Portanto, efetivamente, o Papa não presidiu a Missa, pois havia sido cancelada há quase uma semana devido à pandemia.

Quanto ao fato de o Papa ter sido detido, é uma mentira grosseira ainda mais facilmente desmontável, tendo em conta que o Santo Padre presidiu, como todos os domingos, a oração do Ângelus do Palácio Apostólico do Vaticano.

De fato, durante a oração do Ângelus, o Santo Padre lembrou que não pôde celebrar batismos na Capela Sistina, “como de costume. No entanto, desejo também assegurar as minhas orações pelas crianças que estavam inscritas e pelos seus pais, padrinhos e madrinhas, e estendo-as a todas as crianças que recebem o Batismo neste período. Recebem a identidade cristã, recebem a graça do perdão, da redenção. Deus abençoe a todos!”, foram as palavras do Papa.

Quanto ao suposto apagão, talvez o elemento dessa história mais difundido nas últimas horas nas redes sociais, os defensores da teoria da detenção veicularam o vídeo da câmera fixa da Praça São Pedro que passa 24 horas no canal do YouTube de Vatican Media.

No vídeo você, é possível ver a iluminação do Vaticano e, de repente, a imagem se funde quase a preto, restando apenas a iluminação dos postes da praça e, curiosamente, a estrela de Belém que coroa a árvore de Natal instalada no centro da praça.

A resposta a este "fenômeno" não se encontra na iluminação do Vaticano, mas sim na câmera que está gravando, pois o que ocorreu é uma subexposição da imagem. Na verdade, no mesmo vídeo é possível ver que as luzes da Basílica de São Pedro não estão apagadas, mas são vistas de forma muito tênue.

Inclusive as luzes que se vê claramente que estão acesas, as luzes da rua e a estrela, estão visivelmente subexpostas naquele momento sem se apagar, como é o caso das luzes do templo.

É uma ocorrência comum e dura a noite toda. Sem ir mais longe, quem consultou a transmissão ao vivo esta noite, de 10 a 11 de janeiro, pode ter verificado que novamente a câmera estava subexposta até quase escurecer, e que a imagem permaneceu assim a noite toda.

Em resumo, é uma farsa ou, se preferir, uma fake news: nem houve apagão no Vaticano, nem o Papa Francisco foi preso.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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