A Comissão de Justiça e Paz da arquidiocese de Manágua, Nicarágua, disse que o "crime abominável" do aborto não deve ser pauta das eleições gerais de novembro de 2021, porque a vida humana não se negocia, mas deve ser defendida e promovida.

“O aborto é um crime abominável que constrói a cultura da morte (Evangelium vitae nº 58). Lembremos que o aborto não deve ser uma pauta eleitoral porque a vida humana não se negocia, deve ser defendida e promovida”, afirmou a comissão em um comunicado de 13 de maio.

A Nicarágua não permite nenhum tipo de aborto desde que a Assembleia Nacional reformou o Código Penal em 2006 e penalizou o mal chamado aborto terapêutico, permitido desde 1891, em casos de perigo para a vida da mãe, danos irreversíveis ao embrião ou feto, ou quando a gravidez decorre de violência sexual ou incesto.

No domingo, 7 de novembro, serão as eleições para o cargo de presidente, atualmente ocupado pelo ex-guerrilheiro e líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional, Daniel Ortega Saavedra, que teve um primeiro período entre 1985 e 1990. Em 2007, assumiu a presidência novamente e desde então se manteve no poder com eleições cuja imparcialidade foi colocada em dúvida pela oposição.

Nas eleições deste ano, também serão renovados os cargos de 90 deputados da Assembleia Nacional e 20 deputados do Parlamento Centro-Americano.

Segundo a agência de notícias espanhola EFE em 13 de maio, o candidato à presidência pela oposição, George Henríquez Cayasso, disse que questões como “aborto, diversidade sexual, feminismo, casamento gay ou a fé cristã dividem a oposição da Nicarágua e dificultam uma coalizão ampla para as eleições”.

A Comissão de Justiça e Paz da arquidiocese de Manágua deixou claro que “diante das tendências atuais que apoiam o aborto, a eutanásia, a pena de morte, é oportuno lembrar que o direito à vida é o primeiro dos direitos humanos, e que desde o momento da concepção existe uma criança, um ser humano que tem o direito de viver”.

Ele também explicou que "os direitos humanos não são ‘assuntos religiosos’, mas direitos inerentes à natureza humana, que não é uma concessão ou um presente dado pelo Estado".

“Esses direitos começam com o direito à vida, portanto, o aborto procurado é um crime e violação ao direito fundamental à vida, no qual se baseiam todos os outros direitos”, enfatiza a comissão.

Sobre a posição que os cristãos devem ter, a comissão lembrou que “devemos ser fiéis aos sagrados mandamentos de Deus que nos diz clara e inequivocamente 'não matarás'”.

“Somos chamados a defender a vida de todos, especialmente dos mais frágeis, entre os quais os primeiros são os nascituros que existem como pessoas desde o ventre materno, como lemos no Evangelho quando narra o encontro da Mãe de Jesus com a de São João Batista, que 'saltou' de alegria no seio de Santa Isabel, na presença do Salvador no seio de Maria”, acrescentou.

Por fim, a comissão arquidiocesana pediu a Deus que na Nicarágua “o útero seja o lugar mais seguro para os nascituros, e a família também o lugar mais seguro para aqueles cuja vida está diminuída ou debilitada”.

“Unidos às intenções do Santo Padre, rezamos por intercessão da Virgem Maria pelo fim da pandemia”, concluiu.

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