A Conferência Episcopal Boliviana (CEB) pediu ao governo e à sociedade para dar passos “mais decididos” a fim de combater o narcotráfico, um problema grave que “ameaça a convivência pacífica e democrática do país”, porque, além de causar a dependência química, gera “violência, corrupção, mentiras, injustiças e morte”.

Os bispos emitiram este comunicado em 12 de abril, no final da sua 100° Assembleia Plenária. No texto ratificaram sua preocupação pelo avanço deste flagelo, denunciado no dia 1º deste mês na Carta Pastoral sobre narcotráfico e dependentes químicos intitulada “Hoje coloco ante ti a vida e a morte”.

“Como é de domínio público – indicaram na carta pastoral –, o narcotráfico, em sua estratégia de expansão e impunidade, penetra inclusive nas estruturas estatais e forças da ordem, comprando consciências. A corrupção minou a credibilidade de autoridades de diversas hierarquias encarregadas da luta contra o narcotráfico, tanto no presente como no passado”.

Isto provocou a reação do governo de Evo Morais, que através do ministro Carlos Romero publicou cifras acerca das ações contra o narcotráfico e exigiu que o Episcopado “corrija os erros da carta pastoral em benefício da verdade”.

No texto publicado no último dia 12 de abril, os bispos assinalaram que o verdadeiro sentido da carta foi expressar, “em continuidade com pronunciamentos de algumas décadas atrás”, a “preocupação da responsabilidade moral que temos e nos fazer eco do clamor de tantas pessoas e famílias que sofrem as feridas causadas pelo crescente tráfico e consumo de drogas ilícitas”.

Indicaram que reconhecem os esforços e alcances que “estão fazendo a fim de combater o narcotráfico, entretanto, achamos que é necessário que todos deem passos mais decididos”.

“Esta reflexão pastoral – indicaram – é um apelo à consciência” para que cada setor da sociedade seja consciente “da magnitude e da gravidade do problema que ameaça a convivência pacífica e democrática do país. Em efeito, o narcotráfico, além de causar dependentes químicos, gera violência, corrupção, mentiras, injustiças e morte”.

Por isso, apelaram a fim de que não tenham medo “de olhar esta realidade nefasta, nem sejamos passivos e resignados em confrontar as verdades incômodas geradas por este problema”, mas fazer causa comum “convencidos de que a unidade e a verdade são o caminho para liberar-nos deste mal”.

Estados Unidos: Bolívia não faz o suficiente

No dia 2 de março, o Departamento de Estado dos Estados Unidos publicou seu relatório anual sobre o narcotráfico no mundo. O documento classificou a Bolívia junto à Venezuela e Birmânia como os três países que “fracassaram de maneira demonstrável” no cumprimento de suas obrigações internacionais na luta contra o narcotráfico.

Os Estados Unidos consideram “insuficientes os esforços das autoridades para frear e desmantelar as organizações narcotraficantes” e “pouco adequados os controles bolivianos para prevenir que os cultivos de coca ‘legais’ alimentem a produção ilícita de cocaína”.

Além disso, afirma que a Bolívia é o “terceiro maior produtor de cocaína no mundo” e que 40 % da produção da folha de coca são dirigidos aos mercados ilegais.

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