Padre Santiago del Cura, teólogo espanhol e membro da Comissão para o Estudo do Diaconato Feminino, da Congregação para a Doutrina da Fé, morreu no dia da Assunção da Virgem Maria, aos 74 anos.

A arquidiocese de Burgos, Espanha, à qual o padre pertencia, disse que ele foi "um dos grandes referentes da reflexão teológica espanhola". Del Cura pertenceu à Comissão Teológica Internacional (1997-2009) e lecionou na Faculdade de Teologia do Norte da Espanha, da qual também foi decano e presidente.

Padre Cura era doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e foi membro da Comissão Consultiva da Conferência Episcopal Espanhola (1987-2012) e membro ordinário da Pontifícia Academia de Teologia desde 2007.

Entre as disciplinas que lecionou, estão "Mistério de Deus (Deus Uno e Trino)", Escatologia e Sacramento da Ordem. A sua tese de doutorado tratou da disposição do Concílio Lateranense IV que estabelecia que “ninguém pode consagrar a eucaristia sem ser sacerdote ordenado”.

Em junho de 2022, quando Cura decidiu deixar a docência por problemas de saúde, 62 autores lhe prestaram uma homenagem acadêmica através da miscelânea Teologia no horizonte de sua verdade cada vez maior (em tradução livre. O livro só foi publicado em espanhol), um volume de quase 1,5 mil páginas.

Diaconisas na Igreja

A Comissão para o Estudo do Diaconato Feminino foi instituída pelo papa Francisco em agosto de 2016. Em maio de 2019, o papa Francisco prestou contas dos resultados de seu trabalho no retorno de sua viagem apostólica à Macedônia do Norte.

“Fundamental, porém, é que não há certeza de que se tratasse duma ordenação com a mesma forma e finalidade da ordenação masculina. Alguns dizem: permanece a dúvida, vamos continuar a estudar. Eu não tenho medo do estudo. Contudo, até agora, nada se concluiu”, disse Francisco.

“Eram todos diferentes, todos «rãs de lagos diferentes», todos pensavam de forma diferente, mas trabalharam juntos e chegaram a acordo até um certo ponto”, destacou Francisco, dizendo que “cada um deles tem a sua própria visão, que não concorda com a dos outros, e pararam aí como comissão; e cada um está a estudar como prosseguir”.

Assim, em 2020 decidiu-se nomear uma segunda comissão, com renovação total dos seus membros, a pedido do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, dom Luis Francisco Ladaria.

O padre Cura se juntou a esta segunda comissão em julho de 2020, contribuindo como especialista no Sacramento da Ordem e especialista no diaconato sobre a questão.

"João Paulo II no documento Ordinatio sacerdotalis afirmou que a Igreja não tem poder para modificar o que é retido como a vontade do Senhor sobre o acesso das mulheres ao sacerdócio ministerial. Mas nada disse explicitamente sobre o diaconato, daí os debates atuais", explicou padre Cura ao Diário de Burgos em julho de 2020, pouco depois de ser nomeado para a comissão de estudos.

Cura era a favor de um maior protagonismo feminino na Igreja e que se fizesse "um reconhecimento público e eclesial da sua presença e de sua contribuição".

No entanto, destacou, "a questão é se este caminho deve necessariamente passar por um diaconato feminino sacramental que seria parte integrante do Sacramento da Ordem".

Parece que o papel desempenhado pelas diaconisas nos primeiros séculos da Igreja, mais presente nas igrejas orientais do que nas latinas, não é comparável ao do diaconato atual.

"Qualquer mulher desempenha e pode desempenhar hoje, sem necessidade de qualquer ordenação, um espectro de tarefas muito mais amplo do que o das diaconisas antigas", disse Cura.

Em todo o caso, destacou, não há sinais "de que se abra a porta das mulheres ao sacerdócio, que o próprio papa Francisco afirmou em várias ocasiões estar fechada".

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