A causa de beatificação do padre Rhoel Gallardo, sacerdote claretiano assassinado por extremistas muçulmanos há mais de 20 anos, foi aberta oficialmente nas Filipinas.

A Igreja nas Filipinas comemorou, em 3 de maio, o 21º aniversário do martírio do padre Gallardo, torturado e morto por terroristas de Abu Sayyaf. O grupo jihadista, conhecido por executar seus reféns, incluindo vários estrangeiros, é afiliado atualmente ao Estado Islâmico e busca criar um califado no sul das Filipinas.

Por ocasião do aniversário, dom Leo Magdugo Dalmao, bispo da prelazia territorial de Isabela, província de Basilan, na região de Mindanao, nas Filipinas, celebrou a missa com outros sacerdotes na paróquia de São Vicente Ferrer, na cidade de Sumisip, onde padre Gallardo serviu, afirmou UCA News.

Durante o evento, que contou com a presença de dezenas de fiéis e amigos do padre mártir, dom Dalmao anunciou o início da causa de beatificação do padre Gallardo e recordou sua entrega generosa à Igreja Católica e o seu martírio, afirmou.

“Padre Rhoel Gallardo se ofereceu como voluntário para ir a Mindanao quando o sacerdote designado para lá adoeceu em junho de 1999. Ele serviu como diretor da Escola Claretiana de Tumahubong, em Basilan, e como pároco”, disse dom Dalmao.

“Em 20 de março de 2000, o grupo terrorista atacou e incendiou a escola” dos claretianos; e depois tomou como reféns o padre Gallardo e “outras 52 pessoas, incluindo professores e estudantes”, acrescentou.

UCA News informou que logo após o ataque, o grupo terrorista islâmico libertou alguns reféns, mas manteve o padre Gallardo, porque o viam como um cativo de “alto valor”. Os jihadistas o assassinaram quando as forças do governo tentaram libertá-lo.

De acordo com Asia News, em 3 de maio de 2000, houve um tiroteio entre os jihadistas e o exército, matando três professores e cinco crianças. O padre tinha 33 anos quando foi morto.

UCA News informou que, segundo declarações de testemunhas, “o padre Gallardo tentou proteger os outros prisioneiros e até impediu que algumas reféns fossem estupradas por seus sequestradores. Ele também forneceu liderança espiritual e encorajou outros a não perderem a esperança". Além disso, afirmou que um exame de seu corpo revelou que ele foi torturado antes de receber vários disparos.

O padre Ángel Clavo, sacerdote claretiano que promove o diálogo entre cristãos e muçulmanos em Mindanao, disse a Asia News que o padre Gallardo “foi o primeiro sacerdote sequestrado que assassinaram em Basilan”.

Antes “houve outros padres e freiras sequestrados, até espancados; mas no final foram todos libertados”, disse o padre Clavo, para quem a missão em Basilan é muito significativa na história da congregação, que desde o início teve que enfrentar sequestros de padres.

“Nossa congregação chegou lá em 1951, a convite do então bispo de Zamboanga, quando fomos expulsos da China nos anos 1950”, disse ele. Lembrou que foi com os claretianos que a comunidade católica se tornou uma prelazia apostólica e que ele também foi missionário em Basilan, mas “tive que deixá-lo em 1972, quando sequestraram outro de meus irmãos”.

Por fim, disse que o padre Gallardo é lembrado nas Filipinas como um mártir e “herói” que deu a vida por Cristo e pelos seus fiéis desde que chegou à missão até o seu último suspiro. 

“Os outros reféns disseram que não quis entregar a cruz e o terço, como queriam os milicianos. É por isso que o torturaram arrancando suas unhas. Ele sofreu muito e como diretor da escola, mesmo no cativeiro, preocupou-se em primeiro lugar pelos professores e pelas crianças sob sua responsabilidade. Ofereceu sua vida pelas pessoas que estavam com ele.

Os católicos das Filipinas admiram e têm muito carinho pelo padre Gallardo e confiam que em breve chegará aos altares. Segundo UCA News, a prelazia territorial de Isabela afirmou que “espera que o padre Rhoel Gallardo seja eventualmente declarado santo”. Muitos paroquianos acreditam que ele "merece santidade por causa do exemplo que deu".

Frances Arnaiz, fiel da região de Mindanao, disse a UCA News que o padre Gallardo “poderia ter escolhido fugir, mas não o fez. Rezou o terço junto com seus companheiros de cativeiro. Ele escolheu sofrer com eles”.

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