O presidente do Peru, Pedro Castillo, deu posse aos 16 ministros do seu gabinete, entre os quais está Anahí Durand Guevara, que, na cerimônia de posse ontem, dia 1º de agosto, prometeu “compromisso” com “a população LGTBIQ+”. Em janeiro, ela havia apoiado a descriminalização do aborto.

Durand, a nova ministra da Mulher, é socióloga e professora da Universidade Nacional Maior de São Marcos. Ela comandou a elaboração do plano de governo do partido Juntos por el Peru. Em janeiro de 2021 afirmou, em entrevista à revista Caretas, que “a proibição do aborto não resolve o problema. Deve-se atuar com critérios científicos e não sobre crenças. Propomos educação sexual para decidir, contraceptivos para não abortar e descriminalização do aborto a partir das 12 semanas para evitar mais mortes em abortos clandestinos”.

Em dezembro de 2020, Durand publicou no Twitter: “A descriminalização do aborto é, antes de mais nada, uma questão de saúde pública e não obriga ninguém a realizá-lo. O que faz é garantir as condições para que todas as mulheres, caso decidam fazê-lo, possam ter acesso a ele”.

No artigo “Uma esquerda feminista e popular (e vice-versa) no Peru”, publicado na revista Bravas em 2017, ela afirmou que, no país, há “meninas e jovens que enfrentam a violência sexual e lhes é negado o direito de abortar e decidir sobre seus corpos”.

Na sexta-feira, 31 de julho, a ministra tuitou: “É também meu compromisso não renunciar e impulsionar uma agenda de igualdade que inclui a garantia de direitos e o reconhecimento da população LGTBIQ+, com quem também devemos trabalhar lado a lado. Não podemos tolerar qualquer tipo de discriminação”.

“As mulheres nunca tiveram facilidade, nem na política, nem na academia, nem nos governos. Tenho 25 anos nessa luta. Em meus tempos de dirigente estudantil, éramos muito poucas. Hoje, como docente universitária, ainda somos minoria. A luta é permanente e em todos os espaços”, acrescentou. A ministra se comprometeu também a “seguir este caminho enfrentando o patriarcado estrutural a partir de todos os espaços; e hoje, do governo”.

Em maio deste ano, a WillaxTV publicou um informativo afirmando que Durand teria vínculos com o grupo terrorista Movimento Revolucionario Túpac Amaru (MRTA), especialmente com o terrorista Pedro Manuel Tello Rodríguez, vulgo “o Romano”.

Também em maio, a WillaxTV revelou que, em 2018, Durand assinou um pronunciamento conjunto pedindo a transferência de Víctor Polay Campos, líder e fundador do MRTA, da penitenciária de segurança máxima da Base Naval do Callao para uma prisão civil, administrada pelo Instituto Nacional de Penitenciárias, segundo um relatório da ONG Waynakuna Peru.

Em agosto de 2015, Durand participou como palestrante na apresentação do livro, “La palabra desarmada”, do ex-número 2 do MRTA, Alberto Gálvez Olaechea.

O gabinete de Castillo é liderado pelo primeiro-ministro Guido Bellido, deputado do partido esquerdista Peru Libre investigado por apologia ao terrorismo. Segundo o jornal La Republica, de esquerda, Bellido “é considerado um político de esquerda radical que se recusa a qualificar o Governo de Cuba como uma ditadura. O mesmo acontece com a ação do Sendero Luminoso, com a qual ele diz discordar, mas se recusa a chamá-lo de grupo terrorista”, afirma o jornal.

“A pedido da Procuradoria, em 26 de abril, o promotor Luis Valdivia Calderón iniciou uma investigação preliminar por suposta apologia ao terrorismo” após Bellido “não dizer ´terrorista´ em uma entrevista concedida no dia 23 de abril no programa de TV do Cusco ´InkaVisión Noticias´”, afirmou o diário.

O novo ministro das Relações Exteriores do Peru é Héctor Béjar Rivera, de 85 anos, doutor em ciências sociais e advogado. Em 1962, ele recebeu formação guerrilheira em Cuba, onde conheceu Che Guevara.

Segundo o jornal Gestión, Béjar fez parte do Movimiento de la Izquierda Revolucionaria (MIR), junto com o poeta e guerrilheiro Javier Heraud. Em 1964, organizou a guerrilha “Javier Heraud” na Bolívia, usando o codinome “Calixto”.

Logo, voltou para Havana, onde preparou a estratégia do Ejército de Liberación Nacional para o Peru. Em 1965, dirigiu essa guerrilha em Ayacucho. Foi preso por sedição em 1966. Colaborou na ditadura militar esquerdista de Juan Velasco Alvarado, que governou o Peru de 1968 a 1975, apoiando o Sistema Nacional de Apoio à Mobilização Social (SINAMOS), de reforma agrária.

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