O governo de Andrés Manuel López Obrador e parlamentares do partido governista Morena, no México, decidiram interromper temporariamente o debate sobre as propostas de reforma constitucional a favor do aborto e da ideologia de gênero.

Na coletiva de imprensa do dia 14 de abril, López Obrador disse que “quando há temas muito polêmicos de confronto de pontos de vista, o melhor são as consultas cidadãs”.

“Sobre todas essas iniciativas, eu acho que já não vai dar mais tempo. Não é que tenhamos influência no Poder Legislativo, é que já vai terminar o período ordinário ao final deste mês”, acrescentou. 

 

Os períodos legislativos ordinários no México vão de 1º de setembro a 15 de dezembro e de 1º de fevereiro a 30 de abril.

Em 11 de março deste ano, a Comissão de pontos constitucionais da Câmara dos Deputados do México aprovou um parecer com reformas constitucionais que abrem as portas para a legalização do aborto e da ideologia de gênero.

Entre os termos polêmicos que estariam inseridos na Constituição estão “autonomia reprodutiva”, “livre desenvolvimento da personalidade” e “serviços de saúde sexual e reprodutiva”.

Existem também frases como "expressão de gênero", "casamentos do mesmo sexo", "igualdade substantiva", "identidade sexual e genital" e sexos genéricos.

Na coletiva de imprensa de 14 de abril, López Obrador reforçou que sua “recomendação” aos legisladores mexicanos “é que os cidadãos sejam consultados sobre os assuntos polêmicos, onde há diferenças de fundo. A consulta e que as pessoas decidam, que o povo seja o que decida”.

Em diálogo com ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Rodrigo Iván Cortés, presidente da Frente Nacional pela Família (FNF), disse que, como parte do trabalho que realizaram contra a reforma constitucional, se reuniram com os principais líderes do partido de López Obrador na Câmara dos Deputados e no Senado.

Nestes diálogos, ressaltou Cortés, “obtivemos de sua parte, de forma clara, a palavra de que, apesar de já ter sido apresentado e já ter sido aprovado em comissões, não passaria ao Plenário”.

O presidente da FNF destacou que "a grande maioria" das iniciativas em favor do aborto e da ideologia de gênero durante este governo foram apresentadas e promovidas por seu partido Morena.

Em relação ao projeto de reforma constitucional, indicou, "podemos dizer que por enquanto isso está sendo enviado para o ‘congelador’, mas não devemos baixar a guarda".

“Sabemos por que estamos assim nestes momentos, porque legisladores que não disseram a verdade no processo eleitoral anterior chegaram às cadeiras com agendas secretas, com interesses não manifestados”, disse.

Essas agendas secretas, acrescentou, são contrárias às que levaram "à vitória de López Obrador".

Além de alentar a permanecer atentos ao trabalho do Poder Legislativo, Cortés fez um “chamado importantíssimo, fortíssimo, enérgico a que saibamos votar, a que exijamos aos candidatos que se definam durante este tempo eleitoral”. 

Em 6 de junho deste ano, os mexicanos vão votar em mais de 500 deputados federais e mais de 20 mil cargos estaduais, como governadores, deputados estaduais e prefeitos. Esta eleição é considerada pelo Instituto Nacional Eleitoral como a “maior na história do México”.

Para o presidente da FNF, “o desafio é o eleitoral, para que tenhamos representantes autenticamente promovam e defendam a vida, a família e as liberdades”.

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