O Papa Francisco presidiu o Encontro pela Paz na Praça Nezavisimost, em Sófia, capital da Bulgária, no local onde, no século IV, celebrou-se o Concílio de Serdika.

Trata-se, portanto, de um lugar especialmente significativo para a unidade entre diferentes confissões religiosas. De fato, nas proximidades da Praça, estão a Igreja Ortodoxa de Santa Nedélia, a Igreja Católica de São José, a Igreja Ortodoxa Romena da Santíssima Trindade, uma sinagoga e uma mesquita.

Estiveram presentes no encontro cristãos católicos, cristãos ortodoxos, cristãos protestantes, muçulmanos e judeus.

Em sua mensagem, o Papa Francisco assinalou que “a paz exige e pede-nos para fazermos do diálogo um caminho, da colaboração comum a nossa conduta, do conhecimento mútuo o método e o critério (cf. Documento sobre a Fraternidade Humana, Abu Dhabi 4 de fevereiro de 2019), para nos encontrarmos naquilo que nos une, respeitarmo-nos naquilo que nos separa, e encorajarmo-nos a olhar o futuro como um espaço de oportunidades e dignidade, especialmente para as gerações vindouras”.

A seguir, a mensagem completa do Papa Francisco:

Queridos irmãos e irmãs!

Rezamos pela paz com palavras inspiradas em São Francisco de Assis, grande enamorado de Deus Criador e Pai de todos. Amor que ele, com idêntica paixão e sincero respeito, testemunhou pela criação e por toda a pessoa que encontrava no seu caminho. Amor que transformou o seu olhar, dando-lhe a consciência de que em cada um existe «um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 6). Amor que o levou a ser um autêntico construtor de paz. Na sua esteira, também cada um de nós é chamado a tornar-se um construtor, um «artesão» de paz. Paz que devemos implorar e pela qual devemos trabalhar: dom e tarefa, presente e esforço constante e diário para construir uma cultura, onde também a paz seja um direito fundamental. Paz ativa e «fortificada» contra todas as formas de egoísmo e indiferença, que nos fazem antepor os interesses mesquinhos de alguns à dignidade inviolável de toda a pessoa. A paz exige e pede-nos para fazermos do diálogo um caminho, da colaboração comum a nossa conduta, do conhecimento mútuo o método e o critério (cf. Documento sobre a Fraternidade Humana, Abu Dhabi 4 de fevereiro de 2019), para nos encontrarmos naquilo que nos une, respeitarmo-nos naquilo que nos separa, e encorajarmo-nos a olhar o futuro como um espaço de oportunidades e dignidade, especialmente para as gerações vindouras.

Nesta noite, estamos aqui a rezar diante destas tochas trazidas pelas nossas crianças. Simbolizam o fogo do amor que está aceso em nós e deve tornar-se um farol de misericórdia, amor e paz nos ambientes onde vivemos. Um farol que gostaríamos pudesse iluminar o mundo inteiro. Com o fogo do amor, queremos derreter o gelo das guerras. Estamos a viver este evento em prol da paz nas ruínas da antiga Serdika, em Sófia, coração da Bulgária. Daqui podemos ver os lugares de culto de diferentes Igrejas e Confissões religiosas: Santa Nedélia dos nossos irmãos ortodoxos, São José dos católicos, a sinagoga dos nossos irmãos mais velhos – os judeus –, a mesquita dos nossos irmãos muçulmanos e, perto, a igreja dos armênios.

Durante séculos, congregavam-se neste lugar os búlgaros de Sófia pertencentes a vários grupos culturais e religiosos, para se encontrar e dialogar. Que este lugar simbólico represente um testemunho de paz! Neste momento, as nossas vozes fundem-se e expressam, em uníssono, o desejo ardente da paz: que a paz se espalhe por toda a terra! Nas nossas famílias, em cada um de nós e, de modo especial, naqueles lugares onde tantas vozes foram silenciadas pela guerra, sufocadas pela indiferença e ignoradas pela cumplicidade esmagadora de grupos de interesses. Que todos cooperem para a realização desta aspiração: os expoentes das religiões, da política, da cultura. Cada qual no lugar onde se encontra, desempenhando a tarefa que lhe cabe, pode dizer: «Fazei de mim um instrumento da vossa paz». Com votos de que se realize este sonho do Papa São João XXIII: uma terra onde a paz seja de casa. Adotemos o seu desejo e, com a nossa vida, digamos: Pacem in terris! Paz, na terra, a todos os homens amados pelo Senhor!

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