“A Virgem Maria, que deu o primeiro lugar à escuta da Palavra, veio a Fátima recordar-nos o essencial, convidando-nos à conversão, a colocar Deus acima do nosso eu”, disse o substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, dom Edgar Peña Parra. O arcebispo celebrou hoje (13) a missa da peregrinação aniversária internacional no santuário de Fátima, Portugal.

Em sua homilia, dom Parra refletiu sobre a desvalorização da escuta “na família, no trabalho, na vida cotidiana” e alertou para o perigo de “um ativismo estéril, que não deixa o primado a Deus, à oração, à contemplação”. Segundo ele, “hoje temos a tentação de gerir tudo, incluindo a fé, segundo as emoções instáveis do momento”. Maria, ao contrário, “mostra-nos que é preciso concretização e perseverança”.

O diplomata da santa Sé considerou que estar em Fátima no dia 13 de maio “significa também desejar que a mensagem de Fátima não seja apenas algo relevante do ponto de vista religioso e histórico, mas que se traduza na prática, pessoalmente, na nossa vida cotidiana”. Por isso, destacou que a Virgem Maria “procura filhos que rezem, amem e se ofereçam pelos pecadores, pela paz e pela conversão, nossa e de muitos dos nossos irmãos e irmãs que não creem, não adoram, não esperam nem amam”.

“Nossa Senhora procura a conversão pessoal, procura quem se sacrifique e reze pelos outros. Lembra a nossa responsabilidade de crentes. Ajuda-nos a descobrir a maravilha de uma fé que renasce da escuta e cresce na perseverança, na caridade operosa, na oferta jubilosa da vida, na concretização do anúncio”, acrescentou.

O arcebispo destacou também “o silêncio que se respira em Fátima” que, segundo ele, “é o silêncio da escuta, porta da fé”. “Amá-lo e salvaguardá-lo dia a dia é uma graça que devemos pedir a Nossa Senhora”, afirmou.

Caminho para a paz

Dom Edgar Peña Parra também falou sobre a escuta como um caminho para a paz. Segundo ele, “a escuta, feita de silêncio que abre o coração, ajuda a acalmar ressentimentos e rancores e reencontrar o caminho da paz”.

“Mesmo a nível internacional, pensemos como seria importante escutar as razões do outro e dar prioridade ao diálogo e à negociação, os únicos caminhos para uma paz estável e duradoura, em vez de empreender ações inspiradas pela busca gananciosa e apressada dos próprios interesses”, afirmou.

Para ela, estar em Fátima também significa “responder a um chamamento à oração, a depositar no Imaculado Coração o mundo ferido e dilacerado pela falta de paz”.

Segundo o santuário de Fátima, os participantes na celebração rezaram “pela paz no mundo, em especial pelas vítimas do conflito na Ucrânia, para que o Senhor abra os corações dos decisores políticos e os leve ao discernimento de que só na paz é possível ser todos irmãos”.

Ao final da celebração, o bispo de Leiria-Fátima, dom José Ornelas, abençoou uma imagem de Nossa Senhora de Fátima que será doada à catedral de Lviv, na Ucrânia, onde ficará de modo definitivo.

Em coletiva de imprensa ontem (12), o reitor do santuário, padre Carlos Cabecinhas, recordou o pedido feito pelo arcebispo metropolita greco-católico de Lviv, dom Ihor Vozniak, que em maio solicitou o envio da imagem peregrina à Ucrânia, para rezarem pela paz. O envio foi feito no final daquele mês. “O santuário comunicou, de imediato, que a visita poderia prolongar-se o tempo que fosse necessário”, disse padre Cabecinhas, acrescentando que a imagem permanecerá na Ucrânia pelo “tempo que as autoridades religiosas entenderem oportuno e necessário”.

Entretanto, disse o reitor, um pedido de que a imagem peregrina permanecesse de forma definitiva em Lviv foi rejeitado por “questões de princípios”. “A imagem peregrina, por definição, é aquela que parte do Santuário e regressa ao Santuário de Fátima”, disse.

Por isso, “decidimos oferecer uma imagem nova, idêntica àquela Peregrina, para que fique de forma definitiva na Catedral de Lviv”, anunciou o padre Carlos Cabecinhas.

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