Lidia Fiore, mãe de María del Valle González López, que tinha 23 anos quando morreu em abril por aborto legal, disse que “não é verdade que existe um aborto seguro, legal e gratuito”, por ocasião da caravana pela vida e pela justiça realizada em Mendoza, Argentina, em 4 de dezembro.

A mãe de María del Valle pediu que aqueles que defendem a vida na Argentina “sejam escutados por nossos governantes. Que suspendam a lei de um aborto seguro, legal e gratuito porque isso não é verdade”.

“Eu perdi minha filha e meu neto para um aborto seguro, legal e gratuito, porque minha filha acreditava na segurança, no legal, no gratuito. E não há segurança, não pode e não deve ser legal e não é grátis porque se paga com a vida”, explicou Lídia.

 

Em seguida, dirigindo-se às meninas e adolescentes presentes, a mãe de María del Valle transmitiu-lhes a seguinte mensagem: “Não se deixem manipular. Não é verdade que existe um aborto seguro, legal e gratuito. Não queremos mais uma María, que não haja outra María, que não haja mais uma menina que passe pela mesma coisa”.

“Muito obrigada a todos, à família, aos meus filhos, aos meus netos que estão aqui. Muito obrigado a todos porque María está no coração de cada um de nós. Muito obrigado por estar aqui”, concluiu.

Após a intervenção de Lidia Fiore, os presentes acenderam velas em homenagem a María del Valle, ao seu bebê e a outras vítimas do aborto.

Na caravana realizada sob o lema “Legal ou ilegal, o aborto mata igual”, os participantes compareceram com lenços azuis claros, balões e bandeiras argentinas.

Os carros carregavam cartazes com slogans como "Salvemos as duas vidas" e "A melhor maneira de salvar vidas é acabar com o aborto".

Tatiana, uma das participantes, disse que “estamos aqui para tornar visível o que está acontecendo, pedindo justiça para que isso não aconteça novamente, porque hoje não se oferece nenhuma ajuda real à mulher”.

“Estamos falando da dignidade humana de ambas as pessoas, da mãe e do nascituro”, destacou.

 

A Unidade Pró-vida Mendoza também aderiu ao pedido de suspensão da lei do aborto aprovado pelo congresso em dezembro de 2020; e criticou a desinformação sobre os procedimentos de aborto e as possíveis consequências.

“É muito importante que não nos calemos, que continuemos apoiando as marchas”, disseram.

O caso de María del Valle

María del Valle González López tinha 23 anos estudava serviço social na Universidade Nacional de Cuyo, e era presidente da Juventude Radical de La Paz, na província de Mendoza, Argentina.

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Em 11 de abril, ela morreu após se submeter a um aborto legal, depois de tomar vários comprimidos de misoprostol, um medicamento abortivo.  Foi a primeira morte registrada no país depois da aprovação da lei do aborto no país.

Em nota publicada em 3 de dezembro, o Infobae observou que “oito meses após a tragédia, a família ainda não encontrou justiça”.

Isto, apesar de que "no celular de María del Valle estão as mensagens que confirmam que um médico a havia orientado à distância para usar 12 comprimidos de misoprostol e depois não prestou atenção aos sintomas que a jovem lhe comunicou várias vezes".

O misoprostol é uma prostaglandina que faz com que o útero expulse o que há em seu interior. No caso de gravidez, faz com que a mãe perca o feto, o que pode causar sangramento na mulher.

Em alguns casos, o sangramento pode fazer com que a mãe entre em choque hipovolêmico e morra.

Geralmente, a mulher que toma misoprostol vai a um centro de saúde para fazer uma curetagem para remover qualquer resto do bebê do útero.

Se essa curetagem ou raspagem for feita com material não esterilizado adequadamente ou que esteja contaminado, pode provocar uma infecção que poderia levar à septicemia ou infecção generalizada, o que pode causar a morte.

O Infobae disse em 3 de dezembro que a família de María del Valle "acredita que estão tentando encobrir algo: o promotor não aceitou o celular de María como prova e a autópsia demorou meses".

“Somos pró-vida e minha irmã também era pró-vida até alguns anos atrás. Infelizmente, ela mudou na faculdade”, disse o irmão de María del Valle.

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