Um magistrado italiano emitiu um mandado de prisão para Gianluigi Torzi, um corretor que está sob investigação devido ao seu envolvimento na controversa compra de propriedades com fundos do Vaticano em Londres.

O juiz Corrado Cappiello assinou o mandado dirigido a Torzi com base na investigação da polícia em Roma sobre suspeitas cobrança fraudulenta e lavagem de dinheiro e ainda outros crimes financeiros, informou o jornal italiano Il Messaggero em 12 de abril.

Torzi está atualmente no Reino Unido e ainda não se entregou às autoridades.

O corretor italiano está sendo investigado também pelo Estado Vaticano por seu papel em facilitar a compra de uma propriedade com fundos da Secretaria de Estado em Londres. Trata-se de um imóvel de luxo na Avenida Sloane, 60, realizada em 2018. O Vaticano alega que, ao fazê-lo, Torzi foi parte de uma conspiração para desfalcar a secretaria de estado em milhões de euros.

"É alarmante a facilidade com que Gianluigi Torzi e seus colaboradores conseguiram organizar operações fraudulentas", escreveu o juiz Cappiello, segundo o jornal italiano.

"Além do processo criminal pendente no Estado do Vaticano pelo qual foi preso recentemente, Gianluigi Torzi, acumula investigações por parte da polícia por atividades financeiras ilícitas, fraudes, emissão e uso de notas fiscais para transações inexistentes e também está sendo investigado por falência fraudulenta”, escreve o juiz.

Recorda-se que Torzi foi preso pelo Vaticano no verão e mantido sob custódia por pouco mais de uma semana sob a acusação de peculato, fraude, extorsão e lavagem de dinheiro.

No mês passado, um juiz britânico reverteu a sentença vaticana e apreensão das contas de Torzi que haviam sido solicitadas pelos promotores do Vaticano.

O juiz Tony Baumgartner, da Corte britânica de Southwark, decretou a soltura de Torzi, que desde então se encontra na Grã-Bretanha.

A secretaria comprou a propriedade na Avenida Sloane, 60, em Londres, em parcelas entre 2014 e 2018 do empresário italiano Raffaele Mincione. Torzi intermediou a venda, ganhando milhões de euros por sua mediação na fase final do negócio.

Torzi também vendeu ao Vaticano as 30.000 ações majoritárias da Gutt SA, a holding através da qual a propriedade de Londres foi comprada, enquanto manteve 1.000 ações com direito a voto.

O Vaticano afirma que Torzi foi "silente e desonesto" ao manter as ações com direito de voto. Por sua parte, Torzi argumenta que tudo foi feito de modo transparente e comunicado aos funcionários do Vaticano em conversas e documentos assinados por eles.

Em sua decisão, Baumgartner ficou do lado de Torzi, e negou as irregularidades, dizendo que a alegação de que o corretor tinha omitido informação e agido com desonestidade não estava fundamentada nas evidências do caso e tratavam-se, na verdade, de uma "deturpação" dos promotores do Vaticano para prender Torzi a todo custo.

A Reuters informou que um mandado de prisão à parte afirma que Torzi cobrou ao Vaticano um total de 15 milhões de euros pelo trabalho que, segundo a Santa Sé, não foi realizado.

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