Um grupo de jovens escritores, intelectuais e ativistas católicos pediu em uma carta aberta para uma investigação independente sobre os supostos abusos sexuais cometidos pelo Arcebispo Emérito de Washington (Estados Unidos), Theodore McCarrick.

A carta foi publicada na quarta-feira, 8 de agosto, no site ‘First Things’ e também pede aos líderes católicos que se comprometam novamente com os ensinamentos da Igreja sobre a sexualidade.

Matthew Schmitz, editor principal de ‘First Things’ e signatário da carta, disse à CNA – agência em inglês do grupo ACI – que foi escrita por um "grupo de diversos católicos" de diferentes origens.

Os signatários disseram que a sua carta foi escrita para responder ao pedido do Vaticano de que os jovens ofereçam informações a respeito da sua fé e sobre o papel da Igreja em suas vidas, antes do próximo Sínodo sobre os jovens e as vocações.

A carta indica que todos os signatários eram crianças nas décadas que antecederam os escândalos públicos de abuso sexual de 2002 e que atualmente são fiéis católicos adultos.

"Pedimos que aceite uma investigação exaustiva e independente sobre as denúncias de abuso do Arcebispo McCarrick, tanto de menores quanto de adultos. Queremos saber quem da hierarquia sabia dos seus crimes, quando souberam e o que fizeram em resposta. Isso é o mínimo que se esperaria de qualquer organização secular; não deve ser mais do que podemos esperar da Igreja", diz a carta.

Em 20 de junho, a Arquidiocese de Nova York (Estados Unidos) informou que a investigação que realizou sobre um suposto abuso sexual cometido pelo Cardeal Theodore McCarrick, revelou que a acusação é “crível e sustentável”.

Desde este momento, informações da mídia detalharam alegações adicionais, acusando McCarrick de abusar sexualmente, agredir ou coagir seminaristas e sacerdotes jovens durante seu tempo como bispo.

A renúncia de McCarrick do colégio de cardeais foi aceita pelo Papa Francisco no último dia 28 de julho.

Schmitz disse à CNA que a carta é um apelo à transparência e ao acerto de contas da hierarquia eclesiástica.

"Gostaríamos de ver uma luz. Queremos uma investigação. Queremos uma nova atitude dos bispos", assegurou.

Tal investigação seria realizada por pessoas que não estão ligadas diretamente a McCarrick e informariam tanto ao Vaticano quanto aos fiéis católicos, acrescentou Schmitz.

Do mesmo modo, disse que a carta menciona um problema que vai além das acusações de McCarrick.

Os signatários pediram uma ênfase renovada nos ensinamentos da Igreja sobre a sexualidade e a castidade, assim como "atos de penitência pública e reparação" dos bispos para começar a restaurar a confiança entre os fiéis católicos.

Schmitz advertiu sobre um declive escorregadio se a Igreja mudasse ou ignorasse os seus ensinamentos sobre a natureza humana e a sexualidade, porque, como indica a carta, "são vitais e levam à santidade".

"Acreditamos que, assim como não há lugar para o adultério nos casamentos, não há lugar para o adultério contra a Noiva de Cristo (a Igreja). Precisamos que os bispos esclareçam que qualquer ato de abuso sexual ou falta de cortesia clerical degrada o sacerdócio e prejudica gravemente a Igreja”, continua a carta.

Schmitz também citou acusações recentes de abuso sexual generalizado e má conduta no seminário nacional de Honduras, assim como denúncias de ex-seminaristas nos Estados Unidos.

Disse que há uma atitude predominante entre os bispos para mitigar ou descartar a severidade do abuso contra homens adultos, que isso também deve mudar e que os leigos têm o dever de manifestar as suas objeções a este comportamento.

"Acho que os leigos devem dizer o que pensam para que os bispos saibam que é um ato de abuso que um bispo incomode os seminaristas. Mesmo se alguns desses atos foi perfeitamente consensual, são contrários aos ensinamentos da Igreja e escandalizam profundamente os fiéis", disse Schmitz.

Na carta, os jovens também expressam gratidão pela "maneira como os bons sacerdotes e bispos entregam suas vidas".

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Entretanto, Schmitz disse que uma investigação deveria considerar os clérigos que foram negligentes em cobrir os pecados sexuais entre o clero, junto com aqueles que sabem sobre a má conduta e não fizeram nada.

“Não é aceitável que um bispo declare ignorância, pois fazem parte da hierarquia da Igreja e devem render contas disso. Supõe-se que um pastor deve proteger as suas ovelhas e, se os lobos vêm e as atacam, ele não pode dizer simplesmente: ‘bom, eu estava dormindo’”, concluiu Schmitz.

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