Miguel é um paraguaio de 34 anos que durante muitos anos esteve imerso no mundo das drogas. Com muito esforço e com a força da fé em Deus, pôde seguir em frente e hoje ajuda outros que estão passando pelo mesmo problema.

Este é seu testemunho, compartilhado no Campus Misericordiae na JMJ Cracóvia 2016:

Meu nome é Miguel, tenho 34 anos e sou de Assunção, Paraguai. Somos 11 irmãos e fui o único com problemas com drogas. Recuperei-me na Fazenda da Esperança São Rafael, no Rio Grande do Sul, Brasil.

Durante 16 anos usei drogas, desde os 11 anos. Sempre tive grandes dificuldades na relação com a minha família, não me sentia amado nem próximo deles. Brigávamos constantemente. Não me lembro de ter sentado à mesa junto com eles. Para mim, a família era um conceito inexistente, a minha casa só era um lugar onde dormia e comia.

Aos 11 anos, fugi da minha casa, pois o vazio era muito grande. Naquele tempo ainda estudava, mas eu queria “liberdade”. Em poucos meses, estava experimentando drogas enquanto ia para a escola. Isto fez com que aumentasse este vazio dentro de mim, não queria voltar para a minha casa, enfrentar a minha família, enfrentar a mim mesmo. Ao mesmo tempo, abandonei a escola e meus pais tiveram que fechar as portas de sua casa, estavam perdendo a esperança.

Aos 15 anos, cometi um delito e fui preso. Na prisão, recebi a visita do meu pai e me perguntou se queria mudar e respondi “Sim”. Rapidamente, conseguiu tramitar minha liberdade. Saí e voltei a cometer outros delitos. Um dia, cometi um delito maior pelo qual fui preso seis anos, anos de muito sofrimento. Não conseguia entender porque nenhum dos meus irmãos me visitava. Deste modo, passaram-se os anos e cumpri a minha pena. Meus pais continuavam vinculados à Igreja.

Um mês depois de ter saído da prisão, um sacerdote, amigo da família, me convidou para conhecer um lugar chamado Fazenda da Esperança. Estava sem rumo na vida. Todos esses anos perdidos se refletiam fortemente no meu olhar, no meu rosto. Aceitei ir, pela primeira vez me senti em família. No começo era muito difícil a relação com os outros, a convivência.

Nesta comunidade, o método de cura é a Palavra de Deus, vivê-la. Durante o meu processo de recuperação, havia um companheiro que tinha muita dificuldade de perdoar, eu precisava de paz e de ser amado. No sétimo mês, me deram a responsabilidade de ajudar que a casa funcione melhor.

Deste modo, comecei a entender que Deus pedia algo para mim. Então, este companheiro recebeu uma carta da sua esposa, cuja relação estava desgastada, isto me ajudou a compreendê-lo melhor. Entreguei-lhe a carta e me disse "Irmão, me perdoa?" e lhe respondei com certeza. A partir desse momento, tivemos uma excelente relação. Realmente Deus nos transforma, Deus nos renova.

Recuperei-me há 10 anos e hoje sou responsável pela casa “Quo Vadis?” da Fazenda da Esperança em Cerro Chato – Uruguai, há 3 anos.

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