Em recente entrevista, o ex-ministro José Dirceu, opinou que não se deve julgar o Partido dos Trabalhadores (PT) pelos crimes cometidos por seus membros assim como não deveria julgar a Igreja Católica por uma “história de crimes contra a humanidade” e ressaltou que é preciso um “balanço histórico” para entender a atual situação do PT, que segundo ele, é vítima de uma tentativa de desfazer o legado do ex-presidente Lula, preso por atos de corrupção. 

Dirceu, que teve a condenação a 30 anos e 9 meses de prisão mantida pela Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), concedeu uma entrevista a Mônica Bergamo, do jornal ‘Folha de S. Paulo’, publicada no dia 20 de abril.

Na ocasião, ao ser questionado sobre financiamento de campanhas do PT com dinheiro de estatais e caixa dois, o ex-ministro defendeu que o que foi feito com o partido “não foi por causa de nossos erros” e sim com o objetivo de desfazer “a era Lula”.

Para argumentar em favor de sua declaração, Dirceu disse que é preciso fazer “o balanço histórico”. Nesse sentido, declarou que “a Igreja Católica Apostólica Romana tem uma história de crimes contra a humanidade”.

“Não vou nem falar das Cruzadas ou da Inquisição”, acrescentou. “Se eu for olhar para ela, vou mandar prender todos os padres e bispos porque a pedofilia é generalizada. Ou não é? Mas é a Igreja Católica Apostólica Romana. A vida é assim. O mundo é assim”, completou.

Frente a esta entrevista, o conhecido ensaísta e intelectual católico Bernardo Pires Küster publicou um artigo em seu blog no site ‘Sempre Família’, no qual afirma que “não é preciso apresentar contraprovas para as colocações” de José Dirceu contra a Igreja, “mas mostrar a intenção maligna por trás delas”.

Bernardo Pires afirma que Dirceu “sustenta a tese de que o Partido dos Trabalhadores não é um partido corrupto de maneira alguma, muito menos guiado por bandidos. Quem teria a ousadia de levantar tal calúnia, não é mesmo? O Partido da ética é apenas uma pobre vítima de alguns traidores que se desviaram e acabaram em esquemas ilícitos.”

Ainda segundo Küster, Dirceu “cospe no prato que o salvou”, isto é, “cospe na Santa Igreja que, infiltrada e instrumentalizada por comunistas, foi usada em seu beneplácito”.

Bernardo Küster, que vem realizando um profícuo trabalho intelectual com artigos e vídeos que chegaram a mais de 20 milhões de usuários, afirma que Dirceu fala contra a “Igreja que foi instrumentalizada por terroristas, como (Carlos) Marighella e Frei Betto, que, em 4 setembro de 1969, usaram a guerrilha ALN (Ação Libertadora Nacional) para sequestrar o embaixador americano Charles Elbrick em troca de presos do regime militar, único meio de parar a revolução socialista por eles intentada”.

Ele cita a biografia de Frei Betto para recordar que, ao retornar de Cuba, Marighella teve uma reunião com religiosos dominicanos a fim de acertar a “parceria destes com a ALN”, que incluiria, por exemplo, esconder militantes, guardar materiais, armas e dinheiro de expropriações bancárias, entre outros.

Nesse sentido, Küster indica que estas pessoas “abusaram da estrutura eclesiástica para fundar justamente o Partido que agora o levou (José Dirceu) à cadeia”.

“Para ele (Dirceu), quem sabe, a Igreja não seja de todo mal precisa e exatamente por isso. De resto – pela mística, pelos sacramentos, pelo amor, pela civilização, pela conversão, pela cultura, pela beleza, pela santidade, pela verdade e por Cristo – a Igreja deve ser condenada à execração pública e à inexistência, sonho de todo beato comunista”, concluiu.

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