O papa Francisco nomeou o economista americano Jeffrey Sachs para a Pontifícia Academia de Ciências Sociais ontem, 25 de outubro. A academia foi fundada em 1994 por João Paulo II para promover o estudo e o progresso das ciências sociais.

Sachs, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia em Nova York, esteve em seis conferências do Vaticano desde 2019, falando sobre temas que vão da educação à ética.

Nascido em 5 de novembro de 1954, em Detroit, Michigan, Sachs é formado em economia pela Universidade de Harvard. Ele lecionou em Harvard e foi diretor do Instituto da Terra na Universidade de Columbia.

A revista Time o colocou duas vezes entre os 100 mais influentes líderes mundiais e a revista The Economist o colocou entre os três mais influentes economistas vivos.

Especialista em teoria monetária e finanças internacionais, Sachs está associado ao termo "terapia de choque", usado para descrever seus planos para que a Polônia pós-comunista e a Rússia passassem rapidamente de uma economia controlada pelo Estado para uma economia de mercado livre.

O economista é presidente da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, órgão das Organização das Nações Unidas (ONU). Sachs participou do Sínodo da Amazônia em outubro de 2019 e do evento virtual "A Economia de Francisco" em novembro de 2020.

Sachs, que atuou como assessor de três secretários-gerais das Nações Unidas, já defendeu o uso dos métodos anticoncepcionais. "O sucesso na redução das altas taxas de fertilidade é fundamental para manter as meninas na escola, garantir a sobrevivência das crianças e proporcionar acesso ao planejamento familiar moderno e aos contraceptivos", escreveu Sachs em 2011.

O arcebispo Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia de Ciências Sociais, falou à CNA, agência em inglês do grupo ACI, sobre esta declaração em fevereiro de 2020, quando Sachs participava de um evento da academia. "Ele já mudou", disse Sorondo.

O chanceler disse que o motivo da frequência de Sachs em conferências do Vaticano era sua capacidade de integrar “o magistério da Igreja e do Papa Francisco na economia, colocando a pessoa humana e o bem comum no centro".

A CNA perguntou a Sachs, em fevereiro de 2020, como sua defesa da redução dos índices de fertilidade e contracepção estava de acordo com o senso de "ecologia humana integral" do papa Francisco, e se ele acreditava que era correto que as pessoas do mundo desenvolvido defendessem escolhas de estilo de vida para aqueles do mundo em desenvolvimento.

Sachs respondeu que ele concordava fortemente com o apoio do "papa Francisco" à "paternidade responsável", como também enunciado pelo papa são Paulo VI. Esta ideia significa que as famílias, ou seja, mães e pais juntos, devem tomar uma decisão racional sobre ter filhos com base em suas circunstâncias, com foco em garantir seu florescimento".

Sachs é consultor especial do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, sobre as 17 Metas de Desenvolvimento Sustentável (MDS), adotadas pelos Estados membros da ONU em 2015, em uma resolução chamada Agenda 2030.

Uma das metas é "assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e aos direitos reprodutivos conforme acordado de acordo com o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos finais de suas conferências de revisão".

Sachs disse à CNA em 2020: "O acesso ao aborto é uma escolha deixada a cada nação. As Metas de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030 não mencionam o aborto nem promovem o aborto".

Bernie Sanders, o senador Vermont que concorreu à presidência em 2016 e 2020, escreveu o prefácio para o livro de Sachs "Construindo a Nova Economia Americana": Inteligente, Justa e Sustentável", publicado em 2017.

Os estatutos da Pontifícia Academia de Ciências Sociais determinam que os candidatos a membro têm que ser propostos ao presidente do órgão por pelo menos dois membros.

O Conselho da Academia apresenta à Academia uma lista de candidatos para cada vaga. A Assembleia faz uma votação secreta para indicar a ordem de preferência na qual os candidatos serão propostos ao papa. Os acadêmicos são nomeados para um mandato de 10 anos e podem ser renomeados diretamente pelo papa após consulta ao presidente e ao conselho da academia.

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