A Igreja na Venezuela pediu que se investigue a morte do vereador católico e opositor ao regime de Nicolás Maduro, Fernando Albán, ocorrida enquanto estava detido em uma prisão do governo.

Albán morreu na segunda-feira, 8 de outubro, após cair do décimo andar da sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN), na Praça Venezuela, ao leste de Caracas. O vereador tinha sido preso em 5 de outubro ao ser vinculado à explosão de dois drones durante um ato militar do qual participava Nicolás Maduro.

“Exigimos que o Estado Venezuelano realize uma investigação objetiva e imparcial sobre os fatos ocorridos na sede do SEBIN”, pediu a Arquidiocese de Caracas em um comunicado emitido na segunda-feira, 8 de outubro, depois de indicar que a informação dada pelo procurador geral da República, Tarek William Saab,  os deixou “perplexos e cheios de dúvidas razoáveis diante da tese de um suposto suicídio, não corroborado por uma investigação profunda e objetiva”.

“Em tal sentido, solicitamos que se estabeleça a verdade sobre o ocorrido e se determine as responsabilidades do caso, tendo em consideração que o vereador Albán estava sob a custódia do Estado Venezuelano, que é responsável por garantir a vida e integridade pessoal dos presos”, acrescentou.

No início do texto, a Igreja em Caracas manifestou seu “profundo pesar” e se solidarizou “com a dor da família Albán nesses momentos de incerteza e consternação”.

A Arquidiocese disse que o vereador era uma “homem de sólidos valores cristãos e compromisso com os pobres”.

“Repudiamos qualquer ato contrário à dignidade humana e em relação aos Direitos Humanos das pessoas que se encontram privadas de liberdade por atos de natureza política e, em especial, o ocorrido com que era vereador da ‘Comissão de Culto, Fomente e Impulso do Bem Viver’ pelas paróquias Santa Rosália, São Pedro, El Recreo e Santo Agostinho”, assinala o texto.

“Homem comprometido com a ação social da Igreja Católica em Caracas com Cáritas, ‘La Olla Solidaria’, nos bairros mais humildes e ‘El Kiko de amor’ para as pessoas pobres. Até ontem, soube-se que estava sereno e tranquilo – inclusive – enviou diretrizes a sua equipe para que mantivesse o trabalho em favor dos pobres”, indicou a Arquidiocese de Caracas em seu comunicado.

Finalmente, elevou preces pelo eterno descanso do vereador e rezou para que “respeite os direitos humanos de todos os venezuelanos”.

Por sua parte, a Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal Venezuelana também lamentou “profundamente o falecimento” e exigiu “uma investigação independente, imparcial, transparente e oportuna sobre as circunstâncias em que ocorreu tal morte”.

Por isso, pediu especificamente que se “averigue transparentemente a detenção arbitrária, o posterior desaparecimento, o possível tratamento que recebeu enquanto estava sob custódia dos funcionários do SEBIN e a morte do vereador Fernando Albán”.

Em seguida, exigiu que se promova “ação ou recursos” contra “os funcionários públicos que por comissão ou omissão se encarregam da vigilância do preso no momento dos fatos”.

Finalmente, pediu que “o Estado investigue objetivamente a morta das pessoas privadas de liberdade, a fim de determinar suas causas e precisar a responsabilidade que haja”.

Também o Arcebispo Emérito de Caracas, Dom Jorge Urosa Savino, se pronunciou sobre o fato e assegurou estar “profundamente comovido pela estranha, inesperada e inexplicável morte do vereador”.

“No sábado, 6 de outubro, rechacei sua prisão arbitrária, por considerá-lo inocente dos delitos que lhe imputam, e exigi que os procedimentos contra ele obedecessem às normas constitucionais e legais”, afirmou.

O Cardeal pediu “uma investigação imparcial que esclareça as circunstâncias desse trágico ocorrido e que, caso tenha havido um crime, sejam aplicadas as penas necessárias a quem for responsável por sua morte”.

“Fernando era um homem pacífico, de sólidos princípios e de fé católica. Rezemos por seu eterno descanso e peçamos a Deus que nos ajude a superar pacificamente as trágicas circunstâncias em que os venezuelanos vivemos”, concluiu.

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