“Hoje, na Igreja da Itállia, não há mais aqueles que só falam e aqueles que só escutam”, disse o arcebispo de Perugia-Cittá della Pieve, cardeal Gualtiero Bassetti, na assembleia geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI), em Roma, aberta ontem pelo papa Francisco em uma reunião a portas fechadas. "O caminho sinodal já foi oficialmente lançado em todas as nossas Igrejas locais. Portanto, nos reunimos novamente para reafirmar nosso desejo de avançar juntos, em uníssono, primeiro entre nós e depois em harmonia com o contexto mais amplo do sínodo da Igreja universal", disse Bassetti.

Para o cardeal, “o caminho sinodal das Igrejas na Itália e o sínodo universal são uma oportunidade para uma renovada e mais profunda consciência de nosso ser pastores. O papa Francisco nos conduz na direção de uma maior atenção ao nosso povo”.

“O caminho sinodal apoiado pelo magistério do papa Francisco parece pedir um salto qualitativo, uma conversão pastoral. A via sinodal nos pede para dar mais um passo: amadurecer a colegialidade que experimentamos entre nós em direção à sinodalidade de todos os atores eclesiais. Temos a oportunidade de envolver todos os crentes, mesmo os mais mornos, fazendo-os sentir que não são acessórios ou meros destinatários, mas essenciais para a vida da Igreja. Na verdade, a evangelização diz respeito a todos os batizados. É uma oportunidade de aprender um novo sopro eclesial, o do povo de Deus como protagonista junto com seu pastor".

Bassetti, presidente da CEI, acrescentou que "a escuta, que nos é exigida no início do Caminho Sinodal, não é um gesto estratégico ou pró-forma. É um passo eclesial essencial, tendo em vista a natureza da Igreja como Povo de Deus. O discernimento começa com a escuta, se esta última for livre, sincera e construtiva".

"Vejo no Caminho Sinodal uma grande oportunidade de crescimento não só para nós pastores, mas para a Igreja como um todo. É uma questão de mudar a direção do pensamento: não há mais aqueles que só falam e aqueles que só escutam; todos nós estamos escutando uns aos outros e, acima de tudo, escutando o Espírito. Estamos todos em uma jornada de crescimento. A escuta não é uma dinâmica unidirecional, mas um método eclesial para progredir juntos em fidelidade ao Evangelho hoje”, disse o arcebispo.

Ao final do seu discurso, o cardeal fez um apelo aos buspo para serem criativos. “Seria impróprio negligenciar a escuta dos organismos que já existem. Mas o Papa vai mais longe. Permitam-me dizer que não devemos esperar que a Conferência Episcopal Italiana faça propostas nesta área: cada bispo tem o direito de desenvolver formas ad hoc, nomeações, contextos e órgãos para tornar esta fase de escuta tão vital e frutuosa quanto possível”.

“A este respeito, porém, gostaria de fazer um pedido, que permanece na esfera da partilha fraterna. Sem dúvida, a fase de escuta se referirá aos leigos, sacerdotes e aqueles que têm uma experiência eclesial específica nos movimentos e associações laicais. Entre essas duas áreas, no entanto, há um espaço muito grande à espera de ser explorado e valorizado por nós pastores nesta fase. Cada um de nós conhece pessoas que, embora não plenamente integradas na vida da Igreja, têm algo importante a dizer”, disse o arcebispo.

“Às vezes as situações dolorosas ou tristes da vida podem tê-los distanciado ou relegado a um silêncio forçado, mas são pessoas que permaneceram interiormente próximas ao Senhor. Através do caminho sinodal temos a oportunidade, como pastores, de mostrar a face misericordiosa da Igreja", concluiu Bassetti.

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