Uma igreja de quase 150 anos gravemente afetada pela explosão na região portuária de Beirute, no Líbano, no ano passado, deve ser reaberta até o final de julho, após ser restaurada. O trabalho de restauração conta com apoio da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) e, segundo padre Salah Aboujaoude, a primeira fase já foi concluída.

A igreja jesuíta de São José foi construída em 1875. O templo foi fortemente atingido pela explosão que ocorreu em 4 de agosto de 2020 no porto de Beirute. Na ocasião, 2.750 toneladas de nitrato de amônio inflamaram em um armazém nas docas, causando a explosão que matou 200 pessoas e feriu outras 6 mil, além dos danos materiais na cidade.

“Devido à explosão, a igreja de São José foi severamente danificada. A maioria das janelas e portas de madeira foram destruídas, o telhado também foi severamente afetado”, disse o engenheiro Farid Hakimé, que supervisiona os reparos.

Com a explosão, 95% dos vitrais da igreja de São José foram estilhaçados e todas as janlas e portas precisaram ser substituídas. A marcenaria original foi toda danificada, o teto falso e luminárias também foram afetados, assim como a estrutura de madeira que sustenta o telhado acampado, que perdeu a maioria das telhas. Segundo Hakimé, “era possível ver muitas rachaduras no teto da igreja, e por diversas partes da igreja”, o que exigiu reparos, apesar de o prédio ser ainda estruturalmente sólido.

Segundo o padre Aboujaoud, “o fornecimento e a instalação das novas portas de madeira serão concluídos até o final da próxima semana”. Além disso, com a pintura e obras elétricas prestes a ser concluídas, a instalação do teto falso deve começar na próxima semana. Toda a fiação elétrica teve que ser substituída, pois o sistema existente data de várias décadas atrás.

A igreja de São José apoia várias comunidades diferentes e realiza missas em francês na noite de domingo, missas em inglês nas manhãs de domingo, e em árabe no rito maronita.

Segundo ACN, o apoio que a fundação dá à igreja em Beirute é “vital”, “pois o Líbano enfrenta uma crise econômica causada pelo colapso da libra libanesa – que perdeu mais de 80% de seu valor em relação ao dólar americano”.

Após a explosão do ano passado, diversas instituições católicas se mobilizaram para ajudar a população local, como a Cáritas Líbano, a Cáritas Internationalis, além do próprio papa Francisco. Na época, o pontífice fez uma doação de 250 mil euros para atender às necessidades dos libaneses, por meio do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral.

Francisco também expressou sua oração pelo Líbano. Um dia após o acidente, ao final da audiência geral no Vaticano, o papa pediu para rezar pelas vítimas e suas famílias, pelo Líbano, "para que, com o compromisso de todos os seus componentes sociais, políticos e religiosos, possa enfrentar este momento tão trágico e doloroso e, com a ajuda da comunidade internacional, superar a grave crise que está atravessando”.

O papa foi presenteado com uma cruz feita com destroços da explosão do porto de Beirute.  No dia 16 de junho, o pontífice recebeu em audiência no Vaticano o abade geral da Ordem Mariamita Maronita, Pierre Najm. Ao finalizar o encontro, o abade entregou a Francisco a cruz feita por Mario Khoury com resíduos de portas de madeira e janelas quebradas dos escritórios episcopais da arquidiocese maronita de Beirute que foram danificados pela explosão.

“A cruz é a identidade do cristão, por isso essa representação tocou as fibras mais sensíveis da comunidade libanesa. Só Cristo é a esperança diante do sofrimento e da dor. Ele, a partir da Cruz, veio acompanhar todo o nosso pranto”, afirmou o Secretariado da Ordem Mariamita Maronita.

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