O perito teólogo italiano Mons. Inos Biffi, um dos dois ganhadores do Prêmio Ratzinger, considerado o Prêmio Nobel de teologia, explicou a importância de continuar desenvolvendo esta ciência dedicada ao estudo de Deus no mundo atual.

Assim o indicou o teólogo em declarações à ACI Stampa, depois de divulgarem que ele e o teólogo ortodoxo, Ioannis Kourempeles, foram declarados ganhadores do importante galardão entregue pela Fundação Vaticana Joseph Ratzinger – Bento XVI.

O prêmio será entregue pessoalmente pelo Papa Francisco no próximo dia 26 de novembro na Sala Clementina do Palácio Apostólico do Vaticano.

Ao responder à pergunta a respeito da importância de fazer teologia atualmente, Mons. Biffi indicou que “a teologia hoje, como sempre, ainda é importante, quando se compreende sua natureza, que é a de pensar a fé e então acolher a Palavra de Deus com lucidez e com amor. Uma teologia que nasce da mesma fé e que permanece como a raiz e o alimento”.

Para o teólogo, “a teologia não somente não substitui a fé, mas amadurece nela. Devemos procurar, com cuidado, que este processo ocorra em comunhão com a Igreja e com a sua Tradição viva, a qual transmite a mesma Palavra com todos os recursos que ao longo da história foram escutados, pensados, vividos e testemunhados pela graça do Espírito da Verdade, derramado por Cristo sobre a sua Igreja”.

Mons. Biffi, que destacou a sua afinidade com a teologia de Santo Tomás de Aquino, afirmou que “cada teólogo tem a sua própria história e sua própria assinatura. Eu gostaria de pensar que se me vincularam ao teólogo Ratzinger é, sobretudo, por uma proximidade, ou melhor, por uma identidade com a sua metodologia teológica e, portanto, por um contínuo e apaixonado estudo da Palavra de Deus”.

Esta, disse à ACI Stampa, “é vivida e transmitida na Igreja com uma deliberada indiferença com relação às modas passageiras e às vontades do dia. Enfim, pela busca de uma teologia que não deve que ser necessariamente atual, mas verdadeira”.

Argumentou que “para estabelecer um discurso científico ou racional sobre Deus, não deve estabelecer um discurso que acabe com o mistério de Deus, que sempre permanece transcendente e inesgotável”.

Por outra parte, “Deus fala com homem de forma que o escute, o compreenda e ponha em prática o sentido da Sua Palavra”.

Ao ser perguntado acerca da diferença entre os teólogos tradicionais e os progressistas, o perito explicou que “na verdade a distinção acontece entre teólogos verdadeiros e não teólogos, embora pense que cada teólogo tem suas características particulares”.

Neste sentido, continuou, “a teologia de (São) Boaventura, tão presente em Ratzinger não é a de (Santo) Tomás de Aquino, que está dentro das minhas preferências e dos meus ‘consensos’. Estamos falando, então, de teólogos progressistas e de teólogos conservadores. Mas acredito que não se caracteriza por um excesso de sabedoria”.

“O estudo da teologia – concluiu – leva hoje, como sempre, a mensagem de Deus que por amor se revela ao homem a participar e a desfrutar do mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Para que isto ocorra, o crente é chamado a ser uma testemunha fiel, ao mesmo tempo que Deus nunca deixa de atrair os homens com a sua graça”.

O Pe. Biffi é professor emérito de teologia sistemática e história da teologia na Faculdade de Teologia da Itália Setentrional e da Faculdade de Teologia de Lugano (Suíça).

É doutor associado da Biblioteca Ambrosiana, membro da Pontifícia Academia Santo Tomás de Aquino e da Pontifícia Academia Teológica, Presidente do Instituto para a História da Teologia Medieval de Milão e diretor do Instituto de História da Teologia da Faculdade de Teologia de Lugano.

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