O Arcebispo Emérito de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Savino, assinaou que "o futuro da Venezuela não é nada positivo" após a posse de Nicolás Maduro como presidente do país para o mandato de 2019-2025.

"Maduro assume de fato o novo mandato em meio a grandes problemas. Portanto, o futuro da Venezuela não é nada positivo", disse o Cardeal Urosa ao Grupo ACI, em 13 de janeiro.

"Estamos em um momento muito singular, porque Nicolás Maduro foi empossado como novo presidente para o período atual, em meio a grandes polêmicas, pois enfrenta o não reconhecimento de muitas pessoas, instituições e governos", explicou o Cardeal.

"A Conferência Episcopal Venezuelana acaba de publicar um documento extremamente crítico a esse respeito”, uma exortação pastoral na qual "os bispos fazemos um chamado a todos os venezuelanos para trabalharem pela paz e resolverem os problemas fraternalmente", acrescentou o Purpurado.

Nicolás Maduro foi empossado como presidente da Venezuela na quinta-feira, 10 de janeiro, depois de ser reeleito em uma votação que muitos consideram fraudulenta e que não teve a participação dos principais representantes da oposição.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), o Grupo de Lima – que reúne os principais países da América Latina – e a União Europeia não reconhecem como legítima a administração de Maduro.

O Paraguai anunciou a ruptura das relações com a Venezuela, enquanto outros países, como o Peru, analisam essa possibilidade.

No domingo, 13 de janeiro, o presidente da Assembleia Nacional (AN) da Venezuela, Juan Guaidó, membro da oposição, denunciou que foi sequestrado por meia hora pelas forças do governo. Em sua opinião, isso demonstra o "desespero" do regime de Maduro.

O ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, afirmou que se tratava de um procedimento irregular e unilateral. Ele indicou que os agentes responsáveis ​​pelo sequestro foram demitidos e que uma investigação foi aberta.

Por sua parte, o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia condenou o sequestro de Guaidó, que pediu na sexta-feira, 11 de janeiro, ajuda à comunidade internacional para assumir o comando na Venezuela devido à ilegitimidade Maduro.

Em suas declarações ao Grupo ACI, o Cardeal Urosa lembrou que, em sua exortação, os bispos da Venezuela dizem que a pretensão de Maduro de assumir um novo mandato presidencial é "um pecado que clama ao céu". "Querer manter o poder a todo custo e pretender prolongar o fracasso e a ineficiência das últimas décadas: é moralmente inaceitável!", advertiu o texto.

"Vivemos um regime de fato, sem respeito às garantias previstas na Constituição e nos mais altos princípios da dignidade do povo", acrescenta o texto dos bispos.

Por isso, ressalta o texto dos prelados venezuelanos, "o objetivo de iniciar um novo mandato presidencial em 10 de janeiro de 2019 é ilegítimo em sua origem, e abre uma porta ao não reconhecimento do governo, porque carece de fundamento democrático na justiça e no direito".

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