Há 25 anos, dois jovens ouviram o chamado de Deus para uma “vida consagrada centrada na Eucaristia e na dimensão missionária” e, assim, nasceu o Instituto dos Frades de Emaús. Neste ano, ao celebrar seu Jubileu de Prata, renovam sua vocação e deixam “novamente o coração arder por sua Palavra”, diz frei José Anchieta Varela, um dos fundadores.

Frei José Anchieta Varela e frei Luiz Carlos Rodrigues se conheceram em São Paulo (SP). Em 29 de junho 1996, ambos tinham 23 anos e, após ouvir o discernimento do então bispo da diocese de Santo Amaro, dom Fernando Figueiredo, fundaram o Instituto.

“Eu e o frei Luiz já tínhamos clareza de um ideal de vida consagrada centrada na Eucaristia e na dimensão missionária. A experiência dos discípulos de Emaús sempre marcou nossas vidas. Um dia, rezando, percebemos que havia uma profunda identificação com a passagem bíblica do encontro de Cristo Ressuscitado com os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35)”, contou frei José Anchieta à ACI Digital.

De acordo com ele, “do mesmo modo como os dois discípulos contemplaram a face do Senhor no partir do Pão e foram anunciá-Lo aos irmãos, os Frades de Emaús têm o carisma de contemplá-Lo na Eucaristia, que os leva a anunciá-Lo aos homens, levando deste modo Sua presença através do anúncio da sua Palavra, para que, diante Dele, os corações também possam arder”. Por isso, “da vida Eucarística nasce a contemplação e missão, nasce assim o carisma do Instituto dos Frades de Emaús”, afirmou.

Em seguida, frei Anchieta disse que, “quando falamos de contemplação”, muitos pensam “em horas desperdiçadas” ou em “uma vida de clausura”. Mas, “na vida da Igreja temos exemplos de pessoas de intensa atividade pastoral que alimentavam sua missão diante da Eucaristia”, disse e citou, entre outro, Santa Teresa de Calcutá, Santa Dulce dos Pobres “e os papas recentes, que na presença eucarística se dispõem ao apostolado”.

Assim, os Frades de Emaús procuram “ter vida eucarística que consiste em missa diária, seja nos conventos ou nas paróquias, vida de oração e comunitária. Desta forma, nossa atividade pastoral se torna fecunda”.

“A humanidade está sedenta de Deus. Basta ser uma presença de vida consagrada para atrair as pessoas para o Senhor. Nossa missão se realiza no testemunho diário de uma vida doada a Cristo para levar as pessoas a ouvirem o Senhor pelo caminho e a reconhecê-Lo presente entre nós no sacramento do seu Amor”, disse o fundador.

Após a fundação do instituto, os frades passaram a ser acompanhados pelo então bispo auxiliar da diocese de Santo Amaro, dom Luciano Bergamin. Posteriormente, com a nomeação de dom Luciano como bispo de Nova Iguaçu (RJ), também se transferiram para a esta diocese, na qual estão oficialmente incardinados.

“O bispo que nos acolheu e esteve conosco no início da fundação, dom Fernando, sempre nos aconselhou a não nos preocuparmos com a quantidade de membros; dizia que deveríamos viver bem nossa vocação”, contou frei José Anchieta. Os frades buscam seguir este conselho até hoje.

“Ainda somos poucos, mas estamos presentes em três dioceses no estado do Rio de Janeiro: Nova Iguaçu, Volta Redonda e Itaguaí”, afirmou. Atualmente, servem a quatro paróquias, “onde há pequenas comunidades de frades, sendo um o pároco, auxiliado pelos demais frades nas atividades pastorais, sempre priorizando o trabalho missionário sem descuidar da vida em comunidade conventual”.

Os Frades de Emaús estão presente no convento Santíssima Trindade, em Nova Iguaçu, onde administram as paróquias de São Sebastião, em Austin, e Menino Jesus de Praga, em Cacuia; no convento da Visitação de Nossa Senhora, na Ilha Grande, Angra dos Reis, onde administram a paróquia de São Sebastião; no convento do Sagrado Coração de Jesus, em Conceição de Jacareí, Mangaratiba, onde administram a paróquia Nossa Senhora da Conceição; e no convento da Transfiguração do Senhor, em Piraí, que dispõe de uma casa para a realização de retiros.

“Chegamos até aqui por graça de Deus. Nós, desde o início, só queríamos viver nossa vocação. Aos poucos o Senhor foi nos firmando e foi-se realizando essa mesma vocação”, disse frei Anchieta. Para ele, mesmo tendo enfrentado algumas dificuldades e limitações nesses anos, “percebemos também quanta bondade, ternura de Deus e sua Providência que nos sustentou”.

“Ao celebrarmos este Jubileu de Prata, nos unimos aos filhos que o Senhor nos deu e agradecemos humildemente a Ele por nos ter chamado, tão jovens e limitados, para viver com Ele, num caminho de vida e missão. Somos muito gratos a Deus pela vocação do nosso Instituto e queremos perseverar, com seu auxílio, no serviço das Igrejas particulares onde estamos, celebrar esta data e renovar nossa alegria, vocação e deixar novamente o coração arder por sua Palavra, vivendo unidos a Ele na Eucaristia”, afirmou o fundador.

Para os próximos anos, frei José Anchieta afirmou que o projeto é “continuarmos abertos aos apelos da missão e deixarmo-nos guiar pelo Senhor. No entanto, nosso desejo – que se realize pela graça de Deus – é termos casas nas regiões mais necessitadas, como o Nordeste ou Amazônia, ou onde o Senhor nos mandar”.

Como parte da programação jubilar em comemoração pelos 25 anos do Instituto Frades de Emaús, estão sendo celebradas missas nas dioceses onde estão presente. A primeira foi no dia 31 de maio, em Ilha Grande, diocese de Itaguaí. Hoje, 11 de junho, às 19h30, será celebrada na paróquia Nossa Senhora da Conceição, Conceição de Jacareí, diocese de Itaguaí. Em 18 de junho, às 19h, será no convento da Transfiguração do Senhor, em Piraí, diocese de Volta Redonda. No dia 23 de junho, a celebração será às 19h30 na paróquia São Sebastião, em Austin, diocese de Nova Iguaçu. Além disso, nos dias 28 de junho e 2 de julho, os Frades de Emaús farão um retiro e seu primeiro capítulo geral.

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