Pe. David Fernández Ávalos, ex-reitor da Universidade Ibero-Americana (La Ibero) na Cidade do México, criticou o veto do Vaticano às bênçãos de casais homossexuais.

Através de sua conta no Twitter no dia 15 de março, Pe. Fernández Dávalos, que deixou a reitoria de La Ibero em setembro de 2020 após seis anos de mandato, disse que “é um dia triste. Estou triste com o que disse a Congregação para a Doutrina da Fé”.

O sacerdote jesuíta colocou junto com a sua mensagem uma imagem de Jesus acariciando uma ovelha pintada com as cores do arco-íris usadas pela causa LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais).

Ao ser questionado sobre a sua mensagem, que contradiz o Papa Francisco e o Cardeal Luis Francisco Ladaria Ferrer, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), ambos Jesuítas, o Pe. Fernández Dávalos disse que “é uma posição pessoal. A reforma eclesiástica é necessária e avança mais devagar do que eu pessoalmente gostaria”.

“A igreja é complexa, assim como a sociedade, com contradições e imperfeições”, expressou.

Em meio à polêmica, Pe. Fernández Dávalos excluiu sua conta no Twitter.

As publicações eliminadas pelo sacerdote jesuíta mexicano ainda podem ser vistas AQUI.

Em 15 de março, a Congregação para a Doutrina da Fé declarou " ilícita toda forma de bênção que tenda a reconhecer" as uniões homossexuais.

“Não é lícito conceder uma bênção a relações, ou mesmo a parcerias estáveis, que implicam uma prática sexual fora do matrimônio (ou seja, fora da união indissolúvel de um homem e uma mulher, aberta por si à transmissão da vida), como é o caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo”, disse o dicastério vaticano.

A Congregação para a Doutrina da Fé especificou que a Igreja “não abençoa nem pode abençoar o pecado: abençoa o ser humano pecador, para que reconheça que é parte de seu desígnio de amor e se deixe transformar por Ele. De fato, Ele ‘aceita-nos como somos, mas nunca nos deixa como somos’”.

Em diálogo com ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o Pe. Hugo Valdemar, cônego penitenciário da Arquidiocese Primaz do México, lamentou que o Pe. Fernández Dávalos “esteja contaminado, como grande parte dos jesuítas, com uma mentalidade mundana que no fundo é anticristã”.

“Não entendem que a fé não pode estar na moda. Não é Deus e a sua palavra que devem se adaptar à imoralidade, mas a fé consiste antes de tudo em uma obediência a Deus”, destacou.

“Jesus diz isso claramente no Evangelho de João: ‘’Se alguém me ama, guardará a minha palavra’. E o sexto mandamento é muito claro em relação a evitar a imoralidade sexual.

“Não há como contradizer a doutrina bíblica do Antigo Testamento nem do Novo, onde São Paulo condena claramente as práticas homossexuais”, acrescentou.

O ex-reitor de La Ibero não foi o único padre jesuíta que usou as redes sociais para criticar o Vaticano.

Entre outros sacerdotes jesuítas que publicaram indiretas no Twitter sobre pedidos de perdão e construção de pontes, o Pe. Jonathan Marín, professor da Pontifícia Universidade Javeriana, na Colômbia, considerou "lamentável" a decisão do Vaticano sobre as bênçãos para casais homossexuais.

 

Além disso, afirmou que "a declaração da CDF NÃO é um dogma de fé, mesmo que tenha algum valor magisterial".

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Para o Pe. Valdemar, os padres que rejeitam as disposições do Vaticano "não querem obedecer ou servir a Deus, mas querem uma Igreja na moda, mundana, irracional, sentimentalista”.

“Mas a Congregação para a Doutrina da Fé foi contundente e fechou definitivamente essa perversão verdadeiramente satânica de pretender santificar o pecado, uma bênção a um relacionamento pecaminoso é uma blasfêmia, um deboche à santidade de Deus e um desafio a sua lei natural”, assinalou.

A verdadeira pastoral da Igreja para os homossexuais

Pe. Hugo Valdemar destacou que “o maior bem das pessoas, sejam heterossexuais ou homossexuais, é a sua salvação eterna”.

É o que faz a Igreja, disse ele, "quando afirma no Catecismo que as relações homossexuais são intrinsecamente imorais, por isso estão chamados a viver a cruz da castidade".

“Falar a verdade com toda a sua força é a maior caridade, porque só assim é possível alcançar a salvação. Pelo contrário, enganar os homossexuais fazendo com que acreditem que Deus abençoa a vida de pecado deles quando coabitam é puro ódio, pois o engano os levará à condenação eterna junto com seus enganadores”, destacou.

"Dizer a verdade, dizer as coisas pelo nome não é discriminação, mas sim um ato de verdadeira caridade", destacou.

Pe. Valdemar destacou que uma verdadeira pastoral para as pessoas com atração pelo mesmo sexo é aquela “em que os homossexuais são acolhidos com delicadeza e caridade, são integrados na vida da Igreja, são chamados a viver na castidade, são encorajados a frequentar os sacramentos e a esforçar-se por entrar no Reino pela porta estreita, porque larga é a porta da condenação”.

“É falso que a Igreja rejeite e discrimine as pessoas com tendências homossexuais. O que rejeita são os atos homossexuais, porque são pecados, ofendem a Deus e destroem, como todo pecado, a pessoa que o comete”, explicou.

O sacerdote mexicano afirmou que “confesso muitas pessoas com essas tendências e nunca discriminei ou maltratei ninguém. Fica claro para mim o grande sofrimento que padecem e a luta duríssima por ser fiéis a Deus e permanecer em sua graça”.

“A verdadeira pastoral em favor destas pessoas é falar-lhes com a verdade, animá-las a viver a sua fé com verdadeira coragem e abnegação e santificar-se na sua situação particular. É deixar claro para eles que nada é impossível para Deus”, destacou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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