Jovens pró-vida denunciaram que diversas estudantes universitárias mexicanas participam de uma rede que assessora mulheres a realizar abortos clandestinos.

Entre as jovens denunciadas está pelo menos uma estudante de medicina da Benemérita Universidad Autónoma de Puebla (BUAP), universidade pública do Estado de Puebla.

Em diálogo com ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Christer Espino, um dos jovens que denunciou este grupo, indicou que este seria liderado por María Aissata Si González, médica e ativista pela legalização do aborto no México.

María Aissata Si González dirige a página do Facebook Med Prochoice, na qual organiza workshops sobre “acompanhamento para o aborto seguro em casa”.

Christer Espino, estudante de direito do estado de Veracruz, disse que entre os que fazem parte da rede que María Aissata Si González teria estabelecido está uma estudante de medicina da BUAP.

Entre as capturas de publicações do Facebook compartilhadas por jovens pró-vida, a jovem se apresenta como uma “acompanhante do Med Prochoice”, e aconselha sobre dosagens para o uso de substâncias abortivas.

O Código Penal do estado mexicano de Puebla reconhece o aborto como crime e o define como "a morte do produto da concepção em qualquer momento durante a gravidez".

Nos casos em que tiver consentimento, quem fizer com que uma mulher faça um aborto “estará sujeito a uma pena de um a três anos de prisão”, assinala o Código Penal.

“Embora eu seja pró-vida, isso não é uma questão de estar a favor ou contra o aborto, mas de que está sendo cometido um crime e de que uma estudante da Benemérita Universidad Autónoma de Puebla está utilizando os seus conhecimentos adquiridos na instituição para cometer este crime, para exercer ilegalmente a profissão”, explicou.

O jovem pró-vida lamentou que “por parte da universidade tenha prevalecido o silêncio”.

ACI Prensa encaminhou consultas sobre o caso ao reitor da BUAP, Alfonso Esparza, por meio de diferentes plataformas, sem obter resposta.

Para Christer Espino, o importante depois da denúncia é “que haja um antes e um depois”.

“Ontem essas meninas estavam cometendo abortos como se fosse a mesma coisa que vender cacahuates (amendoim). Hoje já não. Hoje já sabem que estamos de olho. Isso tem que ter uma repercussão no futuro”, disse.

María Aissata Si González publicou diversos vídeos em sua página no Facebook Med Prochoice, dizendo que as denúncias feitas por Christer Espino e vários jovens pró-vida são assédio.

“Eu queria tentar viver do meu ativismo, de difundir informação, não depender de outra renda e que isso não seja um hobby, mas que isso seja um trabalho real para poder me dedicar a ajudá-las”, disse entre lágrimas, acrescentando que “eu queria fazer a minha fundação”.

"Foi fácil fazer meus workshops e foram muito bons", disse ela.

No entanto, depois de deixar as lágrimas, Si González garantiu que "não vou me render nem com toda essa dor nem com todas essas lágrimas”.

“Isso não é uma ameaça, isso não é um aviso, isso é uma profecia: (o aborto) vai ser lei, ponto final. E se eu tiver que acabar na prisão, e se eu tiver que sofrer (...) eu vou fazer”, continuou.

Para a ativista pela legalização do aborto no México, os jovens pró-vida vivem em uma "bolha de privilégios" e destacou que "eles não podem me destruir".

#AbortoClandestinoBUAP, a hashtag criada por jovens pró-vida para denunciar a assessoria da estudante de medicina da BUAP para abortos clandestinos, se tornou uma das principais tendências da rede social Twitter no México no dia 30 de março.

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“Os jovens pró-vida não ficarão calados”

Marcial Padilla, diretor da plataforma pró-vida ConParticipación, disse à ACI Prensa que “é muito interessante ver o papel e o poder que as redes sociais estão assumindo na causa pró-vida”.

“Nesta ocasião, através da plataforma TikTok, perceberam um grupo de promotores do aborto que se gabavam nesta plataforma e em outras de estar, segundo elas, acompanhando outras mulheres que cometem o aborto”, disse.

“Isso, em primeiro lugar, é tirar a vida de um filho antes de nascer. Mas, além disso, é perigoso para a mulher que o comete e é ilegal, porque o aborto é um crime”, acrescentou.

Padilla destacou que "os jovens pró-vida não ficaram calados, disseram 'devo agir e devo agir agora'".

“A partir da iniciativa de um jovem estudante de Veracruz muito ativo nas redes sociais, entraram em acordo” e resolveram evidenciá-la e informar a universidade sobre o que as jovens estavam fazendo.

Os jovens pró-vida, continuou, “identificaram os nomes das pessoas envolvidas em promover esse aborto clandestino, em dar estes remédios, e criaram uma carta na qual denunciavam uma delas, que é estudante de medicina, às autoridades de sua universidade”.

“Mas também divulgaram os nomes de outras mulheres que estão promovendo o aborto”, indicou.

Para o diretor de ConParticipación, este caso mostra que “os jovens estão tomando a voz”.

A defesa da vida, acrescentou, “não é uma questão de gerações, é uma questão de justiça, de verdade, de liberdade. Da liberdade de defender o direito à vida”.

Por fim, concluiu expressando o seu incentivo a que “isso não pare, que os jovens pró-vida levem a bandeira da causa das defesas da vida”.

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