O Papa Francisco assinou o decreto do martírio das Servas de Deus, María Pilar Gullón Yturriaga e duas companheiras. São conhecidas como as enfermeiras mártires de Astorga, sua cidade natal. As três eram leigas e foram assassinadas por ódio à fé em Pola de Somiedo, Astúrias (Espanha), em 28 de outubro de 1936.

María Pilar Gullón, Octavia Iglesias e Olga Pérez eram enfermeiras da Cruz Vermelha. Foram estupradas e depois executadas por mulheres milicianas que se ofereceram como voluntárias para assassiná-las.

Este foi um dos primeiros assassinatos de enfermeiras da Cruz Vermelha, já que até então o fato de ser profissionais da saúde lhes proporcionava certa imunidade. No entanto, as três se declaravam abertamente católicas e pertenciam às Filhas de Maria, às Conferências de São Vicente de Paulo e à Ação Católica.

Manuel Gullón, sobrinho de María Pilar, que agora será nomeada beata mártir, concedeu uma entrevista em 2006 para ‘El Diario de León’, na qual explica que ele e seus cinco irmãos iniciaram os procedimentos necessários para a causa do martírio destas três enfermeiras.

Segundo conta, "as enfermeiras voluntárias da Cruz Vermelha revezavam a cada quinze dias, e elas tiveram a oportunidade de voltar a Astorga e revezar com outras jovens para cuidar dos feridos da guerra civil no Hospital de Sangue Pola de Somiedo, mas também pediram para ficar no segundo turno. Foi quando os milicianos republicanos atacaram".

"Levaram-nas algemadas e amarradas ao povoado. O chefe da expedição, apelidado de ‘El Patas’, ofereceu deixa-las livres e deixar que voltassem a Astorga caso negassem a sua fé e se juntassem ao partido. Como se recusaram, foram presas em uma casa de Pola, que ainda existe, e ‘El Patas’ disse para os milicianos fazerem o que quisessem com elas durante a noite. Estes as estupraram e seu chefe mandou circular um carro de boi no povoado para que o barulho de seus eixos não permitisse escutar os gritos das enfermeiras. No dia seguinte, 28 de outubro de 1936, ao meio-dia, foram fuziladas nuas”, relatou na entrevista.

Posteriormente, o chefe da expedição, conhecido como "El Patas" foi preso e, no julgamento sumaríssimo ao qual foi submetido, declarou as circunstâncias da morte das três enfermeiras e "um grupo de vizinhos de Astorga trouxe, também por escrito, testemunhos dos habitantes do povoado. É prova suficiente para o martírio".

Manuel Gullón explicou também que não constava nenhum milagre alcançado por intercessão destas três jovens, mas recordou a melhora de saúde de sua mãe, depois que seu pai, irmão de Pilar Gullón que foi mártir, compôs uma oração para as enfermeiras. Seu pai rezou esta oração por nove dias, depois dos quais sua mãe se “recompôs completamente”. “Não aprofundamos mais, temos documentos médicos que atestam que antes esteve doente, mas não morreu até o ano passado. Não fizemos nada com este caso porque queremos acabar com a primeira fase antes, mas iremos incorporá-lo ao processo”.   

Nesse sentido, também ressaltou que não são movidos por nenhuma "motivação política ou de revanche", mas "apenas por dar testemunho de sua fé, do quanto as três foram corajosas”.

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