O arcebispo de Boston, EUA, cardeal Sean O'Malley, reuniu-se com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, pediu indulto para os participantes dos protestos pacíficos na ilha, no mês de julho. O encontro aconteceu na quinta-feira, 9, em Havana, capital de Cuba.

“Falei com ele sobre as manifestações ocorridas neste verão e pedi o indulto para os envolvidos nos protestos, que foram realizados sem violência”, escreveu o cardeal O'Malley em seu blog. Em 11 de julho houve os maiores protestos contra o regime comunista desde a Revolução Cubana de 1959 que pôs Fidel Castro no poder. O governo de Díaz-Carnel respondeu às manifestações com violência e detenções arbitrárias.

Segundo a ONG espanhola de defesa legal dos direitos humanos, Prisoners Defenders, “o número de detidos na ilha entre os dias 11 e 17 de julho, período sem obrigatoriedade da acusação formal para a detenção, foi superior a 5 mil”.

Dois meses após a onda de protestos, a Conferência Cubana de Religiosos e Religiosas (CONCUR) denunciou irregularidades nos processos contra os detidos nas manifestações.

O cardeal O´Malley disse que o diálogo também abordou “o desejo das agências católicas de poder ajudar o trabalho da Caritas cubana”, considerando que “a Igreja faz um grande trabalho pelos idosos, que são uma grande população em Cuba, bem como a ajuda ante a escassez de comida e medicina”.

“Por isso, solicitamos ao presidente que torne possível que Catholic Relief Services (Caritas nos EUA) e Caritas Internationalis possam enviar ajuda a Cuba através das organizações de caridade católicas das dioceses de Cuba. Também queríamos encorajá-lo a ter um contato mais direto com os bispos de Cuba”, disse o arcebispo de Boston em seu blog.

No encontro com o presidente cubano, o cardeal O'Malley esteve acompanhado pelo núncio em Cuba, dom Giampiero Gloder.

“O governo de Cuba também está muito preocupado com as dificuldades relacionadas à recepção das remessas [de dinheiro] enviadas por familiares, dos EUA a Cuba, e com a restrição das possibilidades de viagem”, disse o cardeal.

Em Cuba, o cardeal O'Malley também jantou com o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, e presidiu uma missa no túmulo de seu amigo, o cardeal Jaime Ortega y Alamino, morto em 2019.

O cardeal americano visitou laboratórios onde as vacinas contra a covid-19 estão sendo produzidas. Ele falou sobre “o cuidado da saúde como parte muito importante do trabalho de evangelização da Igreja, seguindo o exemplo de Cristo em sua preocupação e amor pelos doentes e sofredores”.

O cardeal lembrou que atualmente “cerca de 25% dos hospitais no mundo e mais de 60% dos hospitais em nações em desenvolvimento são instituições da Igreja Católica”.

A visita a Cuba faz parte de uma viagem que inclui a República Dominicana e o Haiti. O cardeal chegou ao Haiti acompanhado pela organização de médicos SOMOS, levando remédios para as pessoas afetadas pelo terremoto de 14 de agosto.

Em Santiago de Cuba, o cardeal presidiu uma missa na festa de Nossa Senhora do Cobre, padroeira da ilha, na qual disse que “há 51 anos, como recém-ordenado sacerdote, celebrei minha primeira missa em público na catedral de São Mateus, em Washington. Celebrei-a em espanhol e foi a missa de Nossa Senhora da Caridade, com os cubanos e imigrantes hispânicos, que foram meus paroquianos durante quase 20 anos”.

“Por isso, sempre senti uma grande afinidade com o povo cubano e uma especial devoção à Mãe de Deus com o título de Nossa Senhora da Caridade”, disse ele.

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