O novo presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Dom. Ricardo Blázquez Pérez, afirmou que diante do momento de "certa perturbação e confusão" que atravessa a relação entre a Igreja Católica e o Governo, é preciso   "serenidade e claridade” por parte de todos, "e que possamos dizer a verdade com amabilidade".

Nesse sentido, Dom. Blázquez Pérez valorou "fundamentalmente bem" a atuação de seu antecessor, o Cardeal Antonio María Rouco, à frente da CEE, "o que não quer dizer que em todos os aspectos estejam todos  cem por cem em acordo".

Em declarações à rede de rádio COPE, o novo presidente do Episcopado respondeu às críticas de alguns setores do Governo aos acordos do Estado com a Santa Sé e as acusações de trato de favor à Igreja em um estado confissional assegurando que não é um assunto de privilégios.

“Não é questão de privilégio. É ater-se por parte da Constituição à realidade social da Espanha. Confio que não se impugnarão, que o bom senso seja o que oriente a todos", declarou. Perguntado sobre sua possível impugnação, o Prelado disse que "então deveríamos todos nos ater às conseqüências".

Temas polêmicos

Interrogado sobre diversos temas que atualmente são debatidos na sociedade espanhola, o Bispo de Bilbao reiterou uma vez mais a posição da Igreja.

Sobre o projeto de lei que transita no Congresso para equiparar as uniões homossexuais ao matrimônio, Dom. Blázquez descartou esta pretendida equivalência, "tanto do ponto de vista cristão como ético".

“Se tudo for família nada é família", destacou. "Para mim a família está fundamentada no matrimônio como união de vida e amor, entre homem e mulher, estável, para a transmissão da vida. Com a família, se for mantida saudavelmente ganhamos todos, se a família se desmorona perdemos todos”.

Em referência à disciplina de Religião, Dom. Blázquez reiterou que "os pais têm o direito a escolher o tipo de educação que desejam para seus filhos segundo suas convicções e, por outro lado, há acordos entre a Santa Sé e o estado espanhol, e estes três milhões de assinaturas (que serão apresentadas amanhã em Moncloa a favor de uma aula de religião suficientemente valorizada na escola pública), estão dizendo tanto do sentimento da sociedade".

Ao ser perguntado sobre o financiamento da Igreja, o novo presidente da CEE opinou que o sistema vigente "respeita perfeitamente os direitos dos cidadãos", que podem atribuir bem pela Igreja ou outras confissões ou por realidades de natureza social.

Do mesmo modo, em referência à pesquisa com células-tronco embrionárias, Dom. Blázquez reiterou a doutrina eclesiástica. "Tudo o que signifique um avanço para o desenvolvimento das condições humanas, da vida humana, da qualidade humana, estou a favor, mas não se pode fazer a qualquer preço, não se pode procurar remediar a um sacrificando o outro", apontou.

Finalmente, ao reafirmou o rechaço da Igreja ao aborto e à eutanásia, afirmando que "não se pode cortar o itinerário da vida humana”.