A polícia de Cuba interrogou na sexta-feira (21) o correspondente da EWTN em Havana, Adrián Martínez Cádiz. Ele recebeu uma multa de 3 mil pesos cubanos (cerca de R$ 655) por ter criticado nas redes sociais o regime comunista que está no poder na ilha desde 1959.

EWTN é o grupo de comunicação católica a que pertence ACI Digital.

O Escritório Territorial de Controle do Ministério das Comunicações de Cuba emitiu uma carta oficial na qual afirma que o jornalista violou o Decreto-Lei 370, que se refere a “divulgar, por meio de redes públicas de transmissão de dados, informações contrárias ao interesse social, à moral, aos bons costumes e à integridade das pessoas".

Ao programa EWTN Noticias, Martínez disse que compareceu à convocação da delegacia da Praça da Revolução por volta das 10h, onde foi interrogado durante uma hora por uma tenente-coronel.

"Ela me tratou muito mal, levantou a voz para mim de uma maneira muito ruim, me mandou calar a boca algumas vezes quando eu queria explicar algo", lamentou.

Martínez assegurou que a oficial "o ameaçou em várias ocasiões” de o “colocar na cadeia” por suas “postagens nas redes sociais". "Eles alegam que eu crio 'memes' contra o presidente, o que não é verdade”. Presidente de Cuba, desde 2019 e primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano desde 2021, Miguel Díaz-Canel, nascido em 1960, é o primeiro chefe de governo do país depois do líder revolucionário Fidel Castro, que governou de 1959 a 2011, e do irmão dele Raúl Castro.

Antes multar o correspondente da EWTN, a oficial começou a preencher uma "ata de advertência" para que o jornalista se comprometesse com o Estado cubano.

“Ela me disse que estava me advertindo oficialmente de que eu poderia ser processado criminalmente se continuasse publicando”, comentou o jornalista.

Segundo o Código Penal cubano, qualquer agente de polícia pode emitir uma “ata de advertência” contra uma pessoa se perceber que ela está em um “estado perigoso pré-criminal” ou se tiver vínculos com “pessoas potencialmente perigosas”.

O correspondente da EWTN se recusou “a se comprometer” e assinar a ata. Em seguida, a oficial permitiu que ele se retirasse.

"Estou tranquilo. Estou feliz por ter saído da estação e me encontrar com uma grande família: quatro padres que puderam comparecer. Sinto que recebi todas as orações e que o Senhor esteve comigo neste momento”, concluiu.

Em abril de 2021, Martínez, que também é secretário-executivo da Pastoral da Juventude em Havana, denunciou nas redes sociais que recebeu ameaças de morte de um partidário do regime castrista, que o acusou de ser muito crítico da ditadura. Um motociclista passou por Martínez e o ameaçou de "receber duas facadas".

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