No sábado (7), a sala de imprensa da Santa Sé publicou as novas nomeações que o papa Francisco fez para a Congregação para a Educação Católica, incluindo dois representantes da fundação pontifícia Scholas Ocurrentes.

Enrique Adolfo Palmeyro e José María del Corral, diretores mundiais de Scholas Occurrentes, são dois dos novos consultores da congregação, uma nomeação incomum, considerando que não é costume que dois representantes de uma instituição façam parte do mesmo dicastério

Scholas Occurrentes foi oficialmente constituída em 14 de maio de 2015 na Espanha, como "uma instância da Santa Sé. Suas origens remontam à "Escola do Bairro" com alunos "de todas as confissões religiosas", de quando o então cardeal Jorge Mario Bergoglio era arcebispo de Buenos Aires.

A fundação tem como objetivos "promover, melhorar a educação e conseguir a integração das comunidades, com foco nas de menos recursos", assim como “promover campanhas de sensibilização sobre os valores humanos”.

Em 15 de agosto de 2015, foi instituída a fundação na Argentina. Nesse mesmo dia, o papa Francisco assinou um quirógrafo – um decreto pontifício – que instituiu as Scholas Occurrentes "como Fundação de Direito Pontifício", dizendo que se trata de uma "rede mundial de escolas que compartilham seus bens, tendo objetivos comuns, com especial atenção àquelas com menos recursos”.

Algum tempo depois, Scholas Occurrentes lançou sua “Universidade do Sentido”, uma série de conferências virtuais cujos palestrantes incluem conhecidos promotores do aborto legal, como o filósofo Darío Sztajnszrajber e a escritora Luisa Valenzuela.

Em outubro de 2020, a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, teve acesso a documentos financeiros de Scholas Occurrentes que revelam como, sem construir uma única escola para crianças e jovens de baixa renda em qualquer parte do mundo, a fundação pontifícia recebe milhões de dólares em doações e convênios.

Só em 2016, Scholas Occurrentes gastou quase 5,2 milhões de dólares em “honorários profissionais” e outro milhão de dólares em “honorários temporários”.

Usou também mais de 448 mil dólares para "salários e encargos sociais". Em “aluguel de escritórios”, Scholas Occurrentes gastou mais de 324 mil dólares naquele ano. Outros 300 mil dólares foram para "telefonia móvel".

Em seu “Projeto Ágora. Criação de uma Rede Social Mundial baseada na Educação: Scholas”, a fundação pontifícia diz que “o papa é um ativo fundamental para Scholas e, portanto, é necessário um modelo de desenvolvimento que permita a Scholas Global ter amplo controle sobre o uso de sua imagem em todos seus capítulos/sedes”.

A fundação pontifícia também teria usado a figura e reputação de Francisco para difundir material de doutrinação sobre ideologia de gênero para crianças em pelo menos uma dúzia de países da América Latina, como Argentina, México, Peru e Colômbia.

Desde 2015, com o emblema de Scholas Ocurrentes, divulga a coleção de livros "Com Francisco ao meu lado", que contém o conto dirigido às crianças intitulado “Soy um perro!” (Sou um cachorro, tradução livre ao português), que apresenta a história do esforço de um “gatinho branco baixinho e corajoso” que queria ser reconhecido publicamente como um cão.

No final da história dirigida às crianças, o gato faz com que os cachorros o reconheçam como um deles graças à defesa de um burro que se identifica como cavalo.

Consultas enviadas por ACI Prensa a Scholas Occurrentes sobre a convocação de palestrantes a favor do aborto e o uso de milhões de dólares que recebem em doações permanecem sem resposta desde setembro de 2020.

Confira também: