Após o saque da Paróquia da Assunção em Santiago, Chile, e em meio aos protestos contra o governo de Sebastián Piñera, outras igrejas também foram alvo de grupos de manifestantes nos últimos dias.

Por volta das 22h no domingo, 10 de novembro, alguns atacantes forçaram as portas do Santuário de Maria Auxiliadora, em Talca (Chile), onde destruíram imagens religiosas e depois as levaram para a rua junto com os bancos do templo para queimá-las e assim fazer uma barricada.

Antes de a polícia chegar ao local, os vândalos profanaram o Sacrário.

Em uma coletiva de imprensa em 12 de novembro, Pe. Pedro Pablo Cuello, diretor da presença salesiana em Talca, disse que "o Chile precisa crescer, precisa se reconciliar, com paz, com justiça e com equidade". "Isso é uma profanação ao próprio rosto de Jesus", assegurou.

Ao mesmo tempo, o Administrador Apostólico de Talca, Dom Galo Fernández, mostrou-se “afetado e comovido pela violência experimentada, que se intensifica no país e entre nós. Não são apenas danos materiais, é uma atitude de desacordo e que agride os sentimentos mais profundos de uma pessoa, nossos sentimentos religiosos. A profanação do Santíssimo nos dói profundamente”.

"Dói-me que a alma do Chile esteja ferida, incapaz de dialogar, que a alma do Chile, reivindicando coisas legítimas que compartilhamos em grande parte, caminhe por um caminho que não constrói", refletiu.

Nesse sentido, Dom Fernández incentivou a prática da "paz, do diálogo, a valorizar a verdade da pessoa diferente e a caminhar por um caminho que significa progresso para todos no Chile".

Por sua vez, em um comunicado à imprensa, a comunidade salesiana convidou “a buscar a paz e os caminhos de entendimento e diálogo entre os chilenos”, “convencidos de que o grande desafio de toda sociedade é conseguir uma boa integração na qual todas as pessoas tenham espaços dignos, especialmente os idosos e as crianças”.

“Trata-se de nos respeitarmos e colaborarmos entre nós. Todos queremos construir um novo Chile, um Chile verdadeiramente justo e solidário, e continuaremos trabalhando de onde devemos fazê-lo como sacerdotes e como Colégio Salesiano”, afirmou.

Ao meio-dia de 12 de novembro, foi realizada uma Missa pela paz no templo profanado, celebração presidida por Dom Galo Fernández.

Também em Viña del Mar

No domingo, 10 de novembro, durante uma manifestação em Viña del Mar, no litoral da zona central do Chile, uma multidão atacou a Paróquia de Santa Maria dos Anjos, em Reñaca, onde fica uma famosa ermida de Santo Expedito.

Os atacantes arrancaram a imagem de Santo Expedito e de Santa Teresa dos Andes de suas custódias e as destruíram. Também destruíram alguns vitrais e vidros, fizeram pichações e tentaram entrar no templo.

“Essa ação violenta nos dói profundamente, pois o Santuário de Santo Expedito sempre foi um refúgio para aqueles que sofrem e precisam de um lugar de paz e esperança. Não quebraram apenas uma imagem sagrada, mas também violaram a casa que abriga milhares de peregrinos que com fé depositam seus anseios e esperanças”, expressou a comunidade paroquial em um comunicado.

Ao expressar seu apoio às demandas sociais legítimas, a comunidade também condenou o vandalismo e a violência sem controle e indicou que "é tempo de um verdadeiro diálogo construtivo e de buscar caminhos de unidade de todos os que vivemos nesta terra".

Do mesmo modo, recordaram as palavras de São João Paulo II em sua visita ao Chile em abril de 1987, quando disse que "o amor é mais forte". "Essa convicção nos encoraja a continuar trabalhando para um Chile onde o amor de Deus vença o ódio; a paz à violência; e a justiça ao egoísmo", concluiu a mensagem.

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Assim como aconteceu em Santiago, após o ataque à paróquia da Assunção, voluntários e a comunidade também foram limpar e arrumar o templo.

Outras igrejas atacadas durante esses dias foram a Paróquia da Assunção, em Santiago, a Catedral de Valparaíso e a Paróquia de Santa Teresa dos Andes, em Punta Arenas. Enquanto isso, outros templos foram apedrejados e tiveram os seus muros arranhados.

As manifestações começaram em meados de outubro em Santiago, devido ao aumento da passagem no metrô subterrâneo. Com o tempo, outras regiões se uniram para exigir do governo novas políticas públicas que permitam uma vida digna para as pessoas.

No entanto, em meio às manifestações pacíficas da grande maioria, outro grupo realiza excessos, saques, confrontos com a polícia, ataques a propriedades públicas e privadas, prédios históricos e templos.

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