O sacerdote cubano Rubén Orlando Leyva, conhecido como “padre Rubén da Trindade”, disse em mensagem que, apesar da “dureza” da crise em Cuba, há “esperança” para reconstruir a nação. “Cuba está morrendo, não podemos fechar os olhos para a dureza desta realidade. Há pessoas morrendo nos hospitais e nos centros de isolamento por falta de medicamentos. Em Cuba, não há sequer o mais essencial, como analgésicos, antibióticos ou vitaminas. O povo está desnutrido e adoecendo sem vacinação, porque é uma população muito vulnerável, por causa da fome e da péssima nutrição”, denunciou o sacerdote em 1º de agosto, em mensagem em sua conta no Facebook.

Segundo o padre, “os meios de comunicação estão mentindo impunemente, mantendo o discurso oficial permitido pelo ´dono absoluto` da nação: o governo, o único partido, o comunista, o Estado, as Forças Armadas (tudo isso é a mesma coisa)”.

O padre Rubén da Trindade é vicentino, membro da Congregação da Missão, e dirige a plataforma digital “Rede Juvenil Católica de Cuba”. Ordenado sacerdote em 26 de setembro de 2020, realiza seu ministério em Santiago de las Vegas, em Havana.

Ele publicou sua mensagem pouco mais de três semanas após a onda de protestos do 11 de julho em toda a Cuba, organizados espontaneamente contra o regime comunista de Miguel Díaz-Canel, sucessor dos ditadores Raúl Castro e Fidel Castro. O governo respondeu com violência e detenções arbitrárias.

Segundo o padre Rubén, “não existe um apoio eficaz por parte da comunidade internacional” para Cuba. “Infelizmente, este amargo trago de fatalidade que se eterniza desde o triunfo do mentiroso e camaleônico ditador em 1959 [Fidel Castro], é um trago que corresponde a todos os filhos desta amada Ilha, estejamos dentro ou fora dela”, comentou.

“Sempre há uma esperança. Uma esperança de que todo este pesadelo passará, de que estes 62 anos de silêncio e medo servil já acabaram depois do #11J. De que agora, Cuba tem a oportunidade de escrever uma nova história, Cuba tem agora a oportunidade de ser corajosa e dar uma virada nesta rota tão acidentada. Cuba tem a oportunidade de retomar o caminho que nunca deveria ter abandonado, de uma República democrática e realmente livre em sua participação política, social e econômica”, disse o padre.

Segundo ele, “as Forças Armadas e policiais têm a oportunidade de se unir àquele a quem devem servir e não reprimir, o povo”.

“O governo atual tem a oportunidade de deixar um legado e um futuro diferente para as gerações novas, que olham com clareza e repugnância a ineficácia de uma ideologia de ódio e não-liberdade, enquistada no poder. Os que detêm o poder político, militar e econômico em Cuba têm agora a oportunidade de acabar de enterrar este sistema obsoleto, absurdo e obscuro que é o comunismo e que está dando as suas últimas birras”, afirmou.

O padre Rubén pediu às autoridades cubanas que “não prolonguem mais essa sonolência trágica que está aniquilando as vidas, as famílias e o pouco que resta dos valores e esperança em Cuba”.

“Sejamos todos protagonistas de uma nova Cuba, com verdadeiros direitos, com liberdade de empreendimento, com liberdade econômica, com sonhos e sorrisos nos lábios e nos corações. Vocês acabam de reconhecer, vocês que governam em meio à insatisfação popular, que o marxismo não é querido pelos filhos da pátria, que o comunismo é uma importação nefasta dos soviéticos, que não deu certo nem para eles”, continuou.

Também pediu às autoridades da ilha que “aprendam a valorizar todo o legado inestimável dos verdadeiros heróis e próceres de Cuba”.

“Há tanta riqueza política que podemos aprender dos forjadores da nação e da República, e ao mesmo tempo, tanta energia e capacidade nas novas gerações. São eles os que devem liderar o país que desejamos”.

Para o padre Rubén da Trindade, em referência ao #11J, a “Cuba que almejamos já colocou seus alicerces nos corações de todos os cubanos que, de forma angustiada e silenciosa, têm implorado liberdade durante mais de 60 anos e que agora já decidiram tirar do peito este clamor amargo e doce, de uma vez por todas”.

O presbítero pediu a seus compatriotas “armar-nos dessa esperança, para levantar novamente a nação”, numa Cuba “onde a ideologia não reine mais, onde todos encontrem um lugar, onde as ruas sejam de todos, onde o poder não oprima, nem reprima, nem golpeie”.

“Uma Cuba onde o limite da liberdade seja a caridade e o direito alheio, onde ninguém tenha que se esconder ou baixar a voz para expressar o que pensa e acredita ser correto. Uma Cuba onde haja verdadeira participação política e onde se possa empreender com liberdade. Uma Cuba, enfim, nas mãos dos cubanos e já não nas mãos de nenhuma ditadura”, continuou.

Por fim, o padre Rubén disse que é “o momento de reconhecer pessoalmente, diante de Deus, a mesquinhez que talvez tenha havido da nossa parte, e retomar as rédeas da nossa história, para pôr cada coisa em seu lugar e terminar já com este cansativo pesadelo”.

“Viva Cuba Livre! Deus, Pátria, Vida, Liberdade para Cuba, essa é a minha humilde oração a nosso Senhor Jesus Cristo e sua santíssima Mãe. Amém!”, concluiu. 

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