"Os cuidados paliativos são o bom cuidado no fim da vida" e, nisso, Cristo é "nosso mestre", afirmou o diretor da Unidade de Medicina Paliativa da Clínica da Universidade de Navarra, Carlos Centeno Cortés.

Em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, Dr. Centeno, que participou do Simpósio Internacional de Religião e Ética Médica sobre Cuidados Paliativos e Saúde Mental, realizado em Roma nos dias 11 e 12 de dezembro, explicou que todos aqueles que estão no fim da vida “devem receber cuidados paliativos”.

O especialista afirmou que "os cuidados paliativos são bons cuidados no fim da vida" e, portanto, "são obrigatórios", algo que não acontece com a eutanásia.

Reforçou que “a dignidade da pessoa exige os cuidados paliativos” e convidou a apresentar “os cuidados paliativos como o modo mais humano, também o mais cristão, de atender uma pessoa no fim da vida”. 

Na entrevista, o doutor ofereceu uma definição clara de cuidados paliativos: "São uma maneira especial de cuidar dos doentes". E o que há de especial nessa maneira de cuidar? "Em primeiro lugar, o paciente, que é um paciente que está no fim da vida, é um paciente com uma doença avançada, ou seja, quando é diagnosticado, coloca o fim da vida no horizonte".

Portanto, nos cuidados paliativos, "o doente é especial e é especial o modo de cuidar”, destacou. Esse doente “tem umas necessidades globais” e, portanto, “o cuidado é global, de toda a pessoa”.

Nos cuidados paliativos, “é preciso cuidar de toda a pessoa, porque é toda a pessoa a que sofre quando a morte está no horizonte. Na globalidade, colocamos a parte física e a parte emocional, mas não apenas. Também colocamos tudo o que está ao redor do doente que é a parte social, sua família, seus amigos que sofrem quando ele sofre, e também colocamos a parte espiritual”.

"É preciso de uma equipe para atender a tantas necessidades e abordagens diferentes e uma equipe que ao mesmo tempo seja suporte da própria equipe, ou seja, se apoie, porque esse trabalho é intenso, exigente e, às vezes, desgasta".

Em resumo, "os cuidados paliativos são uma excelente forma de caridade que deve ser promovida".

Além disso, falou dos cuidados paliativos “a partir de uma perspectiva cristã”: “O que se vê nos cuidados paliativos a partir de uma perspectiva cristã? Em primeiro lugar, são vistos dados, fatos. Se olharmos um pouco mais fundo, também veremos os valores cristãos por trás desses fatos”.

“Os fatos são a presença dos cristãos e os valores são valores cristãos com os quais essas pessoas trabalham. E se olharmos um pouco mais profundamente, esses valores são cristãos porque Cristo os ensinou para nós, porque Cristo é nosso 'médico divino' e também é nosso mestre nos cuidados paliativos”.

Nesse sentido, enfatizou que "ao redor de todo o mundo encontramos serviços de cuidados paliativos, hospices, que são chamados assim em alguns lugares, equipes de pessoas ou serviços que têm uma inspiração cristã”.

Em muitos países do mundo "os cuidados paliativos nascem em um hospice católico ou, de alguma maneira, articulam-se ou se definem pela primeira vez em um hospice católico".

Do mesmo modo, citou três valores fundamentais que ocorrem nos cuidados paliativos: dignidade, compaixão e humildade.

Sobre a dignidade, assegurou que nos cuidados paliativos “somos a favor de uma morte digna, eu sou partidário da morte digna. Eu promovo a morte digna. Mas os cristãos defendemos que a dignidade da morte está na própria pessoa, é intrínseca, ninguém pode tirá-la”.

“É verdade que hoje em nossa sociedade há pessoas que acham que a dignidade está em escolher o momento de morrer, em decidir sobre a própria morte. Os cristãos não pensamos isso. Achamos que devemos respeitar a morte natural”.

Afirmou que existem maneiras indignas de morrer: “É indigno morrer sozinho ou com dor, sem alívio. Ou asfixiando-se. Isso é indigno, não queremos isso para ninguém. Existem maneiras de morrer que não são dignas e que devemos combatê-las. Os cristãos estamos pela dignidade”.

Em segundo lugar, a compaixão "que é o coração da medicina". “Se esse coração não bate, não há medicina. Pode haver uma técnica, mas não medicina”.

“Precisamos que esse coração esteja batendo para exercer a medicina. Então, o sofrimento do outro é o que nos move. Isso é a compaixão, quando o outro sofre, eu me movo para ajudá-lo, eu o sinto e experimento este mesmo sofrimento e me movo para ajudá-lo. Isso é a compaixão”.

Por último, a humildade. “Dizem em Castilla que a hora da morte é a hora da verdade, e se é a hora da verdade, não é a hora nem do médico nem da medicina, o médico e a medicina sobram um pouco neste cenário. Se possível, o médico deve desaparecer e deixar o protagonismo do momento para a pessoa que vai morrer. A medicina deve ser humilde, especialmente nesses momentos do fim da vida. Também aprendemos isso com Jesus, que nos diz que ele é manso e humilde de coração”.

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Em resumo, enfatizou que os valores dos cuidados paliativos "são valores cristãos, porque os aprendemos da vida e dos ensinamentos de Jesus".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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