Segundo Asia News, agência de notícias do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras, o pastor de Rayagada, Upajukta Singh, contou que os cristãos da comunidade viviam lá a vida inteira. Mesmo assim, os extremistas hindus destruíram suas casas e os expulsaram da aldeia.

Segundo Singh, os agressores vieram de uma das cidades vizinhas e “não podiam tolerar a presença dessas famílias cristãs” na região. Ele relatou que, quando os agressores vieram buscar água em um poço localizado a um quilômetro da cidade, humilharam e amedrontaram as mulheres cristãs que ali estavam, obrigando-as a voltar para casa com os recipientes vazios. O pastor disse que as oito famílias “estão agora refugiadas na selva”.

“Admiro a fortaleza da fé em Jesus que essas pessoas têm. Apesar das dificuldades e do medo, eles continuaram a praticar sua fé por 14 anos”, disse Singh.

“Podem destruir nossas casas, mas não a nossa fé em Jesus”, disse Nori Konjaka, membro de uma das famílias atacadas pelos fundamentalistas hindus.

Para a organização cristã Open Doors a perseguição às minorias religiosas na Índia aumentou desde que o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata chegou ao poder em 2014, com milhares de incidentes a cada ano.

Segundo o padre Purushottam Nayak, da diocese de Cuttack-Bhubaneswar, os radicais hindus atacam a “pequena comunidade cristã das aldeias de Odisha, negando sua liberdade religiosa e seus direitos humanos mais fundamentais”. Ele denunciou que os fundamentalistas também atacam cristãos “nos estados vizinhos de Chattisgarh e Jharkhand” e lamentou que “nem mesmo a pandemia os tenha detido”.

A caridade da Igreja com os pobres e seu trabalho de promoção social levou vários habitantes de Odisha a se converter ao cristianismo. Esse “é um dos motivos da fúria dos extremistas hindus contra os cristãos”, afirma a Asia News.

Em um relatório publicado em 29 de julho do ano passado, o grupo ecumênico Persecution Relief disse que, em comparação com os “208 incidentes” de 2019, 2020 “viu um aumento desconcertante de 40,87%, apesar da quarentena nacional total” por causa das medidas de combate à pandemia de covid-19.

O presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos (GCIC), Sajan K. George, disse à Asia News que “condenamos veementemente o ataque a cristãos por extremistas hindus no distrito de Rayagada”. Ele denunciou que “a extrema direita continua aterrorizando os cristãos pobres e vulneráveis ​​de Orissa” e exortou o governo a cumprir seu dever de proteger a liberdade de culto.

“A Índia secular tem uma constituição que deve garantir a liberdade religiosa, mas já sabemos que a denúncia feita na delegacia de Kalyansingpur não trará justiça às vítimas e não diminuirá os novos ataques e ameaças”, concluiu.

Em 20 de abril, a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que sofre (ACN) apresentou seu relatório anual sobre liberdade religiosa. O relatório mostra que países asiáticos com maioria hindu ou budista como Índia, Nepal, Sri Lanka e Myanmar pressionam as minorias e reduzem seus membros a cidadãos de segunda classe.

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