Pe. Juan Solana, diretor do Pontifício Instituto Notre Dame, em Jerusalém, e do Centro Magdala, na terra de Maria Madalena, destacou que, quando um cristão peregrina "à Terra Santa, dimensiona e contextualiza a pessoa, a vida e os ensinamentos de Jesus".

Em diálogo com ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI – o sacerdote mexicano disse que "a fé dos cristãos se baseia em ensinamentos: o que minha mãe me ensinou, o que aprendi no catecismo, o que aprendi na escola ou na paróquia".

Para muitas pessoas, disse, esses ensinamentos podem ser confundidos com "contos bonitos e inspiradores". "E muitas vezes, perde-se a dimensão da realidade", acrescentou.

O sacerdote recordou que, anos atrás, “vieram dois peregrinos italianos, fundamentalmente católicos de origem. Entraram aqui (no Instituto) Notre Dame depois de terem feito a Via Dolorosa, e os dois me disseram, com lágrimas nos olhos: Padre è vero, Padre é verdade. O que aprendemos como contos bonitos, edificantes, é verdade, é uma história verdadeira e Jesus Cristo é uma pessoa verdadeira”.

“Posso levá-lo ao Monte Arbel, que é um monte que amo muito, fica ao lado de Magdala e, a partir daí, mostrar quase todos os elementos que Jesus Cristo menciona em seus ensinamentos do Evangelho. Fala sobre os pássaros, as flores, o semeador, o campo de trigo, o joio, o pescador, os barcos. Tudo o que Jesus Cristo menciona no Evangelho, eu posso lhe mostrar daquele lugar”.

"Passar dessa dimensão do ensinamento bonito de uma criança de Primeira Comunhão para o realismo de uma história verdadeira é muito importante para a nossa fé", destacou.

O sacerdote, membro dos Legionários de Cristo, lembrou que São João Paulo II, perto do final de seu pontificado, encomendou à congregação mexicana o Pontifício Instituto Notre Dame em Jerusalém, “que é uma casa de peregrinos em Jerusalém”.

“Assim que chegamos, pouco tempo depois, percebemos que Jerusalém e seus arredores eram apenas uma parte da peregrinação, na Judeia. A outra parte fica ao norte, na Galileia, onde fica Nazaré, o mar da Galileia, o monte Tabor, Caná, Cafarnaum”.

"Já estávamos em Jerusalém, em Notre Dame, faltava o complemento, a outra perna para poder caminhar e essa outra perna foi pensar em uma casa de peregrinos na Galileia", disse, explicando assim como decidiram começar os trabalhos para o que é hoje o Centro Magdala, na cidade de Santa Maria Madalena.

“No começo, não sabíamos onde seria feito. Com o tempo, soube que um terreno em Magdala estava à venda; era um hotel antigo e abandonado, chamado Hawaii Beach. Quando me disseram que estava à venda, fui visitá-lo, adorei o local e pudemos realizar a compra e planejar a casa dos peregrinos em Magdala”, afirmou.

O Centro Magdala foi inaugurado em 24 de novembro e contou com a presença de convidados importantes. Entre eles, estava o Administrador Apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa.

Dom Pizzaballa disse à ACI Prensa, que a terra de Maria Madalena "nos recorda, antes de tudo, a misericórdia de Deus através de Jesus, e também a importância de nos tornarmos testemunhas do Ressuscitado".

"A vida cristã é uma vida de anunciar que Cristo é o Senhor, e Magdala é um dos lugares para anunciar isso", assinalou.

O Administrador Apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém indicou que as obras arqueológicas realizadas pela Universidade Anáhuac do México neste centro de peregrinos, localizado em uma região onde foram encontradas uma sinagoga e uma cidade do século I, “é muito importante porque testemunha que o que acreditamos é uma história que podemos tocar, não é apenas uma narrativa que alguém inventou, é algo real”.

"E as pedras são as primeiras testemunhas, através delas podemos realmente acreditar que Jesus esteve aqui e o que está escrito nos Evangelhos é verdade", disse.

Pe. Solana enfatizou que a Terra Santa “é como um laboratório de muitas coisas, um laboratório religioso, ecumênico, social, político, tecnológico. A Terra Santa está em uma encruzilhada, inclusive de continentes, geográfica, muito importante. Sempre teve essa importância”.

“Aqui se encontram pessoas de muitas religiões, de muitos grupos. Haverá pelo menos 12 ou 15 grupos cristãos diferentes, o judaísmo que também está dividido em muitos grupos, nem todos são iguais, nem todos pensam o mesmo. O Islã é a mesma coisa, existem os dois grandes grupos do Islã ”, disse.

Embora na Terra Santa exista “um diálogo religioso um pouco mais formal, entre líderes, entre pensadores, uma discussão ecumênica e inter-religiosa”, Pe. Solana destacou que na região “existe uma dimensão ecumênica e inter-religiosa do dia a dia. As pessoas se conhecem, são vizinhos, trabalham juntos, têm amigos, é normal, com muita espontaneidade”.

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