Em janeiro de 2011, a Ciudad Juárez foi considerada por terceiro ano consecutivo a cidade mais violenta do mundo pela ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal. Esse ano, a violência encabeçada pelo Cartel de Juárez provocou mais de 3 mil mortes.

Enquanto o fantasma da violência parece ir abandonando a Ciudad Juárez, a visita do Papa Francisco, no próximo dia 17 de fevereiro, a esta cidade localizada na fronteira, leva uma mensagem de esperança.

Ciudad Juárez, com aproximadamente 1 milhão 300 mil habitantes, está localizada no norte do México, na fronteira com os Estados Unidos. Do outro lado do rio Bravo está a cidade americana de El Paso, no estado do Texas. Conhecida originalmente como Passo do Norte, recebeu seu nome atual em homenagem ao ex-presidente Benito Juárez.

Segundo o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal, responsável pela análise da violência mundial a cada ano, a situação na Ciudad Juárez durante 2010 era comparada a situação de Medellín (Colômbia) durante o combate contra o Cartel de Medellín liderado por Paulo Escobar – entre 1989 e 1993 –, e a de Bagdá (Iraque) em 2006.

No momento mais crítico da violência, morriam cerca de 8 pessoas por dia em Ciudad Juárez.

Um dos mortos nesta época de violência foi o pai de Erika Graciela Acosta Campos, assassinado durante um roubo na mercearia da família, instalada dentro da sua casa.

“Que o Papa visite uma cidade tão atingida pela violência nos dá esperança”, assegurou Erika em um vídeo difundido pela Diocese de Ciudad Juárez.

A jovem, atualmente casada e mãe de um bebê de dois meses, recordou que “a onda de violência foi uma mudança muito forte”.

“Nós tínhamos uma mercearia, eles assaltaram o local e meu papai faleceu nessa ocasião”, disse.

O assassinato do pai feriu profundamente a família. “Minha mamãe, por exemplo, deixou de sair, tinha muito temor de sair pela rua. Saía para algo na escola da minha irmã mais nova e ficava muito ansiosa, tremia, ficava rígida, não queria sair”, assinalou.

Ela e suas duas irmãs também sentiam medo, pois nem podiam sentir “a segurança de estar em sua casa. Pois meu papai faleceu em casa”.

Mas, durante os últimos anos diminuiu a violência em Ciudad Juárez. Em 2014, o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal reportou 538 assassinatos, uma redução considerável das mais de 3 mil há alguns anos. Mesmo assim, ainda está no número 27 das 50 cidades mais violentas do mundo, segundo publicação de janeiro de 2015.

“Atualmente Juárez está se recuperando”, reconheceu Erika, mas advertiu que “ainda permanece muito dessa violência”.

“Nós já estávamos um pouco maiores, mas outras crianças ficaram órfãos muito pequenas e suas mães ficaram solteiras”, lamentou.

Neste contexto, a visita do Papa Francisco a Cidade Juárez leva uma mensagem que “vale a pena seguir”, enquanto seus habitantes esperam “essas palavras de consolo”, como se “alguém tão importante estivesse nos olhando e percebendo este sentimento pelo qual passamos”.

“’Não estou sozinho, alguém sofre comigo ou alguém percebe a minha dor e que isto é difícil’, é o sentimento que brota em cada um de nós ante a viagem apostólica do Papa Francisco”, indicou Erika.

A jovem mexicana recordou que diante do sofrimento da perda do seu pai, a sua família “nos ajudou muito em estar firmes na fé, em Deus, pois Ele porque isto aconteceu conosco”.

“E a comunidade, o carinho, o apoio”, acrescentou a jovem comovida.

A partir de sua própria experiência de vida, Erika assegurou que “estar perto de Deus é o único que nos cura. Não sei, pode sentir raiva, impotência, ficar irritado e de repente chega a um ponto onde quer voltar no tempo, mas não é possível, não vê uma solução e sua única saída vai ser estar firme em Deus, estar firme na sua fé e tentar seguir em frente”.

“Quando chega ao ponto de dizer ‘e agora o que devo fazer?’ A única saída é Deus”, concluiu.

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