O governo chinês decretou que somente um grupo de fiéis locais poderá peregrinar ao Santuário de Nossa Senhora de Sheshan, localizado província de Shanghai, para celebrar a festa da padroeira da China neste 24 de maio.  As autoridades de Pequim alegam a necessidade de contenção da pandemia de covid-19, mas um parque de diversão e um campo de golfe locais estão abertos para turistas de todo o país.

Segundo a agência Asia News do Pontifício Instituto para as missões no exterior (PIME), a Diocese de Xangai só tem permissão de organizar uma peregrinação da pequena igreja situada a meio da colina onde fica o santuário até a basílica no topo.

No dia 17 de maio, o jornal China Daily, o jornal oficial em inglês do governo comunista chinês, anunciou ofertas para passar o dia do Turismo, 19 de maio, no Sheshan National Tourist Resort.

No último domingo, 23, o papa Francisco convidou os fiéis reunidos na Praça de São Pedro a rezar pelos católicos na China, hoje, dia 24.

“Convido-vos a acompanhar com fervorosa oração os fiéis cristãos da China, nossos queridos irmãos e irmãs, que levo no profundo do meu coração. Que o Espírito Santo, protagonista da missão da Igreja no mundo, os guie e os ajude a ser portadores do alegre anúncio, testemunhas de bondade e de caridade, e construtores em sua pátria de justiça e de paz”, disse o papa.

Asia News denunciou que desde a instituição da jornada mundial de oração pelos fiéis na China, convocada pelo papa emérito Bento XVI em sua Carta aos Católicos da China em 2007, o governo tem dificultado as peregrinações a Sheshan no mês em que a Igreja chinesa celebra a sua padroeira.  

“Em 2008, foram as Olimpíadas de Pequim que se aproximavam; em 2010, a Expo Xangai; e em 2011, tensões sobre ordenações ilegais. Em suma, as autoridades têm encontrado muitas razões, mas todas remetem a uma, nomeadamente o desejo de impedir uma demonstração de obediência dos fiéis ao Papa e uma demonstração de unidade com a Igreja chinesa”, disse a agência de notícias do PIME.

A história do Santuário

A devoção a Maria na China data do tempo da missão do padre jesuíta Matteo Ricci. Recebido pelo imperador em 22 de janeiro de 1601, Matteo Ricci trouxe 12 presentes, incluindo a cópia da imagem de Maria Salus Populi Romani, guardada em Santa Maria Maggiore na capela onde Santo Inácio de Loyola celebrou sua primeira missa.

Os jesuítas foram os promotores da devoção em Sheshan. Em 1863, eles adquiriram a colina do santuário e, em 1870, prometeram construir uma basílica se Nossa Senhora salvasse a diocese da destruição após uma revolta sangrenta.

Nossa Senhora ouviu a oração e, um ano depois, foi colocada a primeira pedra da primeira basílica dedicada à Virgem Maria no continente asiático. Em 1874, o beato Pio IX concedeu uma indulgência plenária aos peregrinos que visitassem o santuário e, em 1894, houve tantas peregrinações que se decidiu construir uma nova igreja.

Em 1924, o primeiro sínodo chinês, convocado em Xangai pelo então delegado apostólico Celso Costantini, estabeleceu que Nossa Senhora de Sheshan fosse proclamada "Rainha da China".

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