Há 174 anos, o escritor inglês Charles Dickens, aclamado por obras como ‘Conto de duas cidades’, ‘Oliver Twist’ ou ‘David Copperfield’,  teria tido uma visão da Virgem Maria, segundo assegurou um conhecido colunista católico.

Em um artigo do colunista católico Angelo Stagnaro, publicado por ‘National Catholic Register’, foi indicado que “Charles Dickens não gostava dos católicos, como era a norma para a maioria dos protestantes ingleses da era vitoriana”, apesar disso, o escritor católico “G.K. Chesterton afirmou em sua biografia de Dickens que este, no fundo, era católico”.

“Dickens não era fanático nem do catolicismo nem do protestantismo evangélico, mas  ainda possuía sentimentos religiosos, mostrando simpatia pelo utilitarismo e pelo anglicanismo. Quando seu filho foi para a Austrália, em 1868, deu-lhe uma cópia do Novo Testamento, dizendo que ‘é o melhor livro que se conheceu ou se saiba no mundo’”, sustenta Stagnaro.

Do mesmo modo, em uma nota posterior ao seu filho, Dickens o incentivou a desenvolver uma vida de oração: “Nunca abandones a saudável prática de dizer suas próprias orações privadas, de noite e de manhã. Nunca abandonei e sei o conforto que é”.

A visão da Virgem Maria segundo Dickens

Uma noite de 1844, um ano depois de ter publicado ‘A Christmas Carol’, Dickens acordou e viu uma imagem ao pé de sua cama: uma mulher vestida de azul. Em seguida, escreveu a um amigo, descrevendo-a com o aspecto da “Virgem Maria em uma imagem de Rafael”.

Dickens escreveu mais tarde ao seu biógrafo e amigo John Forster a seguinte descrição daquela tarde:

“Deixe-me te contar um sonho curioso que aconteceu na segunda-feira passado à noite; e os fragmentos de realidade que posso recordar. Em um lugar indistinto, que era bastante sublime em sua indeterminação, fui visitado por um espírito”.

“Não pode distinguir o rosto, nem recordo de ter desejado fazê-lo. Usava um manto azul, como a Virgem em uma imagem de Rafael; e não se parecia com ninguém que eu tenha conhecido, exceto em estatura. Estava tão cheia de compaixão e pesar por mim que me comoveu o coração; e disse, soluçando: ‘Oh! Dá-me algum sinal de que realmente me visitou!’”.

“‘Responda-me uma pergunta!’, disse-lhe em uma agonia de súplica por temor de que me abandonasse. ‘Qual é a verdadeira religião?’. Quando se deteve um momento sem responder, eu disse: ‘Meu Deus não se vá!’. ‘Acha, como eu, que a forma da religião não importa tanto se tentamos fazer o bem?’”.

“Disse-lhe, observando que ainda duvidava, e me comoveu com a maior compaixão por mim. ‘Talvez a religião católica romana seja a melhor? Talvez esta ajude a pensar em Deus com maior frequência e crer nele mais firmemente?’. ‘Para ti’, disse o espírito, cheio de tanta ternura celestial que senti como se meu coração se rompesse: ‘para ti é o melhor!’”.

“Então, despertei-me, com lágrimas em meu rosto, e estava exatamente na mesma condição de meu sonho”, disse Dickens.

Tempos depois, quando foi perguntado, Dickens supôs que o espírito pertencia à irmã de sua esposa, Mary Hogart, que tinha morrido em 1837 e que era muito próxima. Entretanto, apressou-se a ressaltar que o espírito “não se parecia com ninguém que tenha conhecido”. Dito isso, Dickens também acrescentou que tinha “um grande altar em nosso quarto”, onde a se tinha celebrado a Missa regularmente em outros tempos.

Dickens admitiu ainda que esteve “escutando os sinos do convento (que soam em intervalos à noite) e, assim, tinha pensado, sem dúvidas, nos serviços da Igreja Católica Romana”.

Qualquer católico, indica Stagnaro, ao escutar a narração de Dickens “reconheceria imediatamente a mulher como a Santíssimo Virgem Maria”.

“A roupa azul, uma figura silenciosa, um olhar profundo, compassivo e sua insistência para que se converta ao catolicismo são todos  presentes. O espírito foi definitivamente a Santíssimo Virgem Maria”, concluiu.

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